Militar na luta, sempre!
Fortunato formalizou a sua militância no Partido que foi sempre o seu, em cuja intervenção política e social participa desde que se conhece, como fez questão de frisar mais do que uma vez.
Operário da indústria automóvel, desde criança que vive o quotidiano de luta, as iniciativas e os objectivos do PCP, a forma de funcionamento e os métodos do Partido. O pai foi membro da célula na Siderurgia Nacional, coordenador da Comissão de Trabalhadores na empresa, integrou o movimento sindical unitário e a Direcção da Organização Regional de Setúbal. A mãe, esteve organizada no Barreiro. O colectivo comunista não lhe é distante, muito menos estranho. Pelo contrário, conhece-o bem e com ele se identifica. Não é por isso de estranhar que insista em deixar claro que a sua adesão ao PCP, agora concretizada, nada tem a ver com dúvidas ou hesitações.
De resto, trabalha há 26 anos na mesma fábrica e sempre esteve nas acções reivindicativas, nas estruturas unitárias dos trabalhadores, disponível para travar a luta de classes ao lado da sua. É o que lhe dita a consciência que adquiriu, relatou ao Avante!.
Mas então por que razão só agora decidiu inscrever-se no PCP? A resposta deste «novo militante sem ser novo no Partido», que afirma ter «o PCP no ADN», não é muito diferente da de outros casos similares: a consideração da militância comunista como algo a levar mesmo a sério é de tal forma elevada, que a falta de tempo e outros afazeres foram sempre um obstáculo a dar o passo «com a responsabilidade e o nível que eu acho que exige», afirmou Fortunato.
Mais disponível e com o «passo dado», Fortunato integra a célula do seu local de trabalho e até já recrutou um jovem operário para o Partido, com o qual tem laços familiares.
Experiência diferente contou-nos Mariana, que almeja singrar na área da comunicação social e do audiovisual. Licenciada em gestão de actividades turísticas, concluiu este curso porque desde o Ensino Secundário trabalha num hotel da baixa portuense. Foi um recurso ditado pela necessidade e, simultaneamente, uma perspectiva de futuro tangível. Nunca foi um sonho, mas esta jovem também nunca pensou que se transformaria num pesadelo laboral com horários e escalas à vontade do patrão, sem retribuição pelo trabalho suplementar prestado, entre outros atropelos.
Mariana, tal como outros colegas, já foi «dispensada» após dois contratos de seis meses para evitarem que passasse a efectiva, situação em que, apesar disso, se encontra neste momento. Mas foi a vivência da precariedade e arbitrariedade patronal que a levou à consciência do pesadelo que é viver e trabalhar sob o jugo da exploração.
Daí à luta, designadamente com aqueles que, como ela são jovens trabalhadores sobre-explorados, foi um passo decidido e bem sustentado. Hoje, Mariana – que não tem qualquer raiz familiar de ligação ao PCP, nem entre os amigos mais antigos historial de interesse em política, e que, desde que trabalha, ouve o patrão a desmobilizar os trabalhadores, a convocar à resignação, à desunião e à desistência – não só milita na defesa dos seus interesses directos, como no de outros camaradas, tendo participado na concentração de trabalhadores ao serviço de plataformas digitais que decorreu no Porto.