Grandes grupos apoiados
Empresas e grupos económicos que acumulam milhões de euros de lucros estão a aproveitar-se da chamada compensação pelo aumento do valor do salário mínimo nacional (SMN) – alertou anteontem a CGTP-IN.
Reagindo à listagem das subvenções e benefícios públicos, relativa a 2021, divulgada na semana passada pela Inspecção-Geral de Finanças, a confederação reafirmou que «dinheiro público não pode servir para premiar baixos salários e precariedade».
Tal como noutras ocasiões tinha denunciado, ficou agora de novo evidente que, «seja no campo dos benefícios fiscais em sede de IRC, seja nas subvenções atribuídas», as grandes empresas «absorvem a maior fatia das verbas».
Para as dez empresas que mais apoios receberam, reverteu perto de um quarto dos apoios divulgados.
No topo da lista das empresas que mais recorreram a compensações pelo aumento da remuneração mínima mensal garantida (RMMG) surge a Randstad, que «teve um resultado líquido consolidado de 768 milhões de euros».
Ali também se destacam a ADECCO (teve 1,5 mil milhões de euros de lucros) e a Modelo Continente (Grupo Sonae, notando a Inter que «alcançou os 75,2 milhões de lucro e distribuiu 97,2 milhões de euros em dividendos»).
A CGTP-IN «reitera que não deve haver quaisquer compensações pela subida do SMN», observando que a medida foi anunciada para «compensar as empresas que não podiam suportar o aumento», mas «teve como destino grandes empresas da área do trabalho temporário, da grande distribuição e as empresas que operaram na restauração (Gertal e Eurest)».
«Este tipo de medidas serve para promover uma transferência directa e indirecta de rendimentos para o grande capital», e o dinheiro público continua a servir «para fomentar a precariedade», protesta a central, contrapondo que os apoios públicos «têm de chegar a quem deles carece».
«Apoiar quem não só não precisa, como até deveria ser chamado a contribuir de forma mais robusta, é o resultado da opção política de sucessivos governos», conclui a CGTP-IN.