Defender a paz

Pedro Guerreiro

São necessárias iniciativas que promovam o diálogo e a paz

Resistindo à manipuladora torrente de desinformação, de propaganda de guerra, de promoção do discurso de ódio, de imposição de pensamento único em torno da guerra na Ucrânia, tem sido corajosamente sublinhada a necessidade de se conhecer e ter presente as causas do conflito, questão tão mais importante quando o objectivo seja prevenir o seu agravamento e facilitar uma solução negociada.

É o que têm feito aqueles que sempre se bateram pela paz e o desarmamento e que desde o primeiro momento denunciam e alertam para os perigos das políticas que fomentam o militarismo e a guerra.

No entanto, não é surpreendente que aqueles que são dos primeiros responsáveis pelo desencadeamento da guerra na Ucrânia há oito anos, e que agora apostam na continuação, e mesmo intensificação, da política de confrontação que está na sua origem, façam tudo para omitir e contrariar essa necessidade.

Talvez poucas frases consigam sintetizar o que está imediatamente em causa como aquela que foi proferida pelo secretário-geral da NATO, na Conferência de Segurança de Munique, no passado dia 19 de Fevereiro, em pleno momento de agravamento da situação no Leste da Europa – afirmou Jens Stoltenberg: «Então, se o objetivo do Kremlin é ter menos NATO nas fronteiras da Rússia, ele só terá mais NATO.»

Efectivamente, o desrespeito de compromissos assumidos pelos EUA e outros países integrantes da NATO quanto ao não alargamento deste bloco político-militar belicista – responsável pelas guerras contra a Jugoslávia, o Afeganistão ou a Líbia –, assim como a sua política de cerco e de máxima pressão sobre a Rússia, incluindo com a instalação de cada vez mais forças militares, realização de exercícios e operações com carácter abertamente provocatório junto às fronteiras deste país, estão no cerne da grave situação de insegurança na Europa, constituindo uma séria e permanente ameaça à paz.

Recorde-se que o desrespeito do compromisso de não alargamento da NATO assumido por responsáveis dos EUA foi acompanhado pela paulatina retirada deste país de importantes acordos visando o controlo de armamentos, como o Tratado de misseis antibalísticos (2002), o Tratado de forças nucleares de alcance intermédio (2019) ou o Tratado de céus abertos (2020).

Toda uma política que atingiu um novo e mais grave patamar com o golpe de Estado na Ucrânia em 2014, promovido pelos EUA, levado a cabo com recurso a forças fascistas, que instaurou um poder xenófobo e belicista, inserindo a Ucrânia na estratégia de confrontação promovida pelos EUA, a NATO e a UE, e levado a guerra a este país, que se agravou com a recente intervenção militar da Rússia.

Por isso o PCP afirma que é necessário parar o caminho para o abismo, parar a instigação do confronto, parar a política e as medidas que estão na origem do conflito, que só levarão à perda de mais vidas humanas, a maior sofrimento.

Pelo contrário, são necessárias iniciativas que contribuam para o fim da escalada do conflito na Ucrânia, para o cessar fogo, para um processo de diálogo com vista a uma solução negociada para o conflito, à resposta aos problemas de segurança colectiva e do desarmamento na Europa, ao cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia, no interesse da paz e cooperação entre os povos.




Mais artigos de: Opinião

Contigo todos os dias! Também na Emigração

No passado fim-de-semana foram repetidas as eleições para a Assembleia da República no círculo eleitoral da Europa. Como sabemos, e o PCP já o afirmou, a repetição destas eleições, para as comunidades emigrantes portuguesas na Europa, decorre do protesto apresentado pelo PSD, que não sendo contestável em si, não deixa de se constituir como uma instrumentalização do processo eleitoral para fins que a vida acabará por esclarecer.

Anticomunismo, a quem serve?...

A coerência do PCP, a sua independência de classe, política e ideológica, a sua soberania de análise e decisão, o modo como assume com coerência o seu compromisso com os trabalhadores e o povo sempre motivaram o ódio das classes dominantes e foram alvo privilegiado das suas ofensivas. Até aí, nada de novo. Faz parte da...

Valor e lugar da solidariedade

A guerra, qualquer que seja, arrasta consigo um cortejo de destruição, vítimas e sofrimento que exige que seja na preservação da paz e na construção de soluções políticas que se encontrem resposta para os conflitos. As guerras, todas as guerras, e não só aquelas que selectivamente se ampliam no plano mediático, carregam...

Os povos querem a Paz

Kyriev, um aventureiro do peculato e do branqueamento de capitais, na Suiça e Liechtenstein, que trabalhou com Yanukovych (Presidente deposto em 2014 pelo golpe de estado NATO-UE-ultra nacionalistas), e que integrou(!) a delegação da Ucrânia nas conversações com a Federação Russa, foi «executado» à porta de um Tribunal...

IA Yoon

No dia 9 de Março, na Coreia do Sul, o candidato do Partido do Poder Popular (PPP), Yoon Suk-yeol, foi eleito presidente por uma margem de cerca de 250 000 votos, qualquer coisa como 0,73%, relativamente ao candidato liberal Lee Jae-myung. A vantagem ficou a dever-se ao voto de eleitores ricos cativados com a promessa de...