Cada contributo individual reforça o Partido
Divergem em motivos, idades, profissões, regiões e, até, nas heranças culturais e tradições familiares. Os caminhos dos novos militantes comunistas, cujas histórias têm sido relatadas no Avante!, não são de todo lineares. Pelo contrário, há uma miríade de motivações a guiar cada um até ao Partido. O ponto de chegada, no entanto, é o mesmo: a vontade de transformar a realidade, com o socialismo e o comunismo no horizonte.
Esta semana, a conversa é com dois militantes que em comum apenas têm a profissão e a região onde a exercem – advocacia e Lisboa.
Ana tem 31 anos e é natural de Chaves, mas vive em Lisboa desde 2012. Formou-se em Direito em Coimbra e seguiu os estudos na capital, onde acabou por ficar a trabalhar.
Quando interrogada acerca do primeiro contacto que teve com o PCP, avisa que desde sempre constatou uma realidade onde o Partido estava presente. «Não sei se o meu pai alguma vez foi militante, mas se não foi, era bastante próximo. Acho que essa influência, ainda que de forma não propositada, teve algum impacto», conta.
A «gestão do assunto da pandemia» por parte do PCP, aproximou-a dos comunistas: «Esforçaram-se por celebrar o 25 de Abril e o 1.º de Maio. Foram os únicos a vincar a sua posição sobre a importância de assinalar e sair à rua nestas datas, que não são só simbólicas», disse.
Acabou por se inscrever em Fevereiro de 2021, logo após as eleições presidenciais.
Hoje, está organizada no Sector Intelectual de Lisboa, mais precisamente no sub-sector dos advogados e juristas. A sua integração foi «coesa», repleta de «bastante actividade» e realiza já tarefas no âmbito do boletim do sub-sector, o Direito à esquerda.
«Participem nas iniciativas, mesmo sem compromisso. Conheçam e falem com os camaradas porque vão encontrar sempre alguém que esteja disponível para vos ouvir», deixa como apelo.
Luís é ligeiramente mais novo. Tem 28 anos e cresceu em Faro, apesar de ser natural de Lagos. Tirou a licenciatura em Lisboa, onde acabou por ficar a exercer.
Ao contrário de Ana, a sua família vem de uma cultura política diferente, social-democrata. O seu pai é, inclusive, deputado do PS na Assembleia da República.
Por volta de 2011, na altura da crise e da intervenção da troika, chegaram-lhe às mãos as Obras Escolhidas de Lenine. Começou a ler e ficou «imediatamente siderado»: «Apercebi-me que sempre tinha achado aquilo que lá estava, mas que nunca tinha tido a linguagem e as coordenadas ideológicas para colocar as questões daquela forma e naquela perspectiva de classe.»
Continuou a ler e a prestar mais atenção ao PCP, à CDU, ao Avante! e a O Militante. Em Outubro de 2021, após as eleições autárquicas, assumiu que tinha de contribuir com o que pudesse, de acordo com as suas capacidade e forças.
Hoje, está organizado no mesmo sector que Ana e está já inserido em diferentes grupos de trabalho. Para ele, «ser militante comunista é uma experiência única, edificante e, acima de tudo, muito alegre». «O contacto com os camaradas, a realização de tarefas do Partido e a participação, dá-nos uma sensação de força e de acreditar que a classe operária unida tem uma força que não imagina».