Uma luta a enfrentar

Margarida Botelho

As crianças, os adolescentes e os jovens têm sofrido de forma particular com as consequências da epidemia de COVID-19, bem como com os sucessivos confinamentos e isolamentos.

Uma das dimensões que importa aprofundar tem a ver com os cuidados de saúde prestados. O encerramento ao público dos cuidados de saúde primários durante muitos meses fez baixar o nível e a qualidade dos cuidados às grávidas, as consultas de saúde infantil, bem como rastreios e programas diversos.

O Público fez uma reportagem sobre as consultas de pedopsiquiatria que pode ser a ponta do icebergue. Os médicos ouvidos referem um aumento da procura das consultas, quer pelos casos que aparecem nas urgências, quer pela referenciação por outras especialidades, o que está a levar ao aumento dos tempos de espera para uma primeira consulta.

Seis meses de espera na consulta de adolescentes e quatro meses para as crianças dos 4 aos 12 anos no Hospital da Estefânia, em Lisboa; três meses e meio no Hospital de S. João, no Porto; um aumento de 40% na procura no Hospital de Beja; mais de oito meses de espera em Braga – são os dados recolhidos pelo Público.

O diagnóstico é comum a todos os serviços que o jornal ouviu: falta de trabalhadores. Médicos, enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, são diversas as profissões envolvidas nas equipas multidisciplinares necessárias para responder aos diferentes casos acompanhados, e cuja escassez põe em causa a capacidade de resposta.

Quando se fala de salvar o Serviço Nacional de Saúde também é disto que se fala. Capacitá-lo em meios e trabalhadores, estabelecer e fortalecer equipas, responder às necessidades das populações, que não são imutáveis.

A sair de uma epidemia, com mais e novas necessidades a imporem-se, com a vida e a saúde das crianças a exigirem cuidados especiais, não capacitar o SNS para dar essa resposta teria consequências desastrosas no futuro, no plano individual e colectivo. Há muita luta pela frente, mas forças bastantes no País para a travar.




Mais artigos de: Opinião

Um ideal e um projecto para o nosso tempo

Os centros da ideologia dominante desenvolvem uma intensa ofensiva ideológica contra o Partido e a sua acção, contra o ideal e o projecto comunistas, recorrendo, como sempre, à arma anticomunista, mas associando-lhe hoje novas formas, meios e diversificadas expressões.

Mensageiros da guerra

Pela voz de Biden e Blinken, os EUA continuam a açular o fantasma de uma «invasão russa». A cada anúncio falhado, uma nova data sobrevém, arremessada para o campo minado da desinformação. No fim-de-semana, a conferência anual de Munique sobre segurança converteu-se numa mostra de histeria colectiva e ódio anti-Rússia....

Amanhã, logo se vê

Por estes dias levanta-se o clamor pelos efeitos imediatos da seca, seja na produção agrícola e pecuária, seja na produção de energia, e pelas consequências futuras, caso não chova nos próximos meses, designadamente na floresta portuguesa. Clamor que encontra justificação ainda maior nos brutais aumentos dos custos dos...

Que parte desta guerra é que é «fria»?

O bombardeamento mediático em torno da situação na Ucrânia tem a escala de uma autêntica lavagem ao cérebro. Factos e história são omitidos ou sistematicamente falsificados, palavras são viradas do avesso: a agressão é «defensiva», regimes fascistas são «democracias», a colocação do mundo na iminência de uma guerra de...

A besta

O reconhecimento por Moscovo da soberania das regiões de Luhansk e Donetsk originou veementes protestos da União Europeia e dos EUA. Invocam a violação dos acordos de Minsk, nunca implementados, e, o que é delirante, do direito internacional, prenhe de violações aceites por ambos, desde a ocupação turca do Norte de...