Que parte desta guerra é que é «fria»?

Filipe Diniz

O bombardeamento mediático em torno da situação na Ucrânia tem a escala de uma autêntica lavagem ao cérebro. Factos e história são omitidos ou sistematicamente falsificados, palavras são viradas do avesso: a agressão é «defensiva», regimes fascistas são «democracias», a colocação do mundo na iminência de uma guerra de proporções inimagináveis é «defender a paz».

O próprio termo Guerra Fria merece ser reexaminado. Em primeiro lugar, porque não há uma primeira Guerra Fria (da qual o imperialismo EUA/NATO/UE saiu vitorioso) e uma «segunda Guerra Fria», agora com novos adversários. Depois, porque a guerra assim designada é um confronto que recorre a múltiplos meios violentos – militares e outros – e o seu inimigo é o árduo processo histórico de emancipação de países e povos.

A situação actual é indissociável da acção agressiva dos EUA que decorre praticamente desde a Segunda Guerra Mundial.

Este início nada tem de «frio», e o mesmo sucede com o seu prosseguimento até aos dias de hoje. As suas forças centrais – os EUA e seus principais aliados, os «vencedores» – não cessaram um dia que fosse de montar golpes contra países soberanos, de procurar deter processos de emancipação social e nacional, de corromper, assassinar e massacrar, de condenar povos e países à dependência, ao atraso, à opressão e à pobreza.

Da Coreia à Guatemala, da Indonésia ao Congo, da República Dominicana ao Vietname, do Camboja à Nicarágua, do Chile à Líbia, do Afeganistão à Jugoslávia, não há praticamente lugar no mundo (Portugal incluído) em que estes «vitoriosos» não tenham deixado um rasto de violência, destruição e retrocesso.

E não querem abandonar este caminho.




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