Um ideal e um projecto para o nosso tempo

Manuel Rodrigues (Membro da Comissão Política)

Os centros da ideologia dominante desenvolvem uma intensa ofensiva ideológica contra o Partido e a sua acção, contra o ideal e o projecto comunistas, recorrendo, como sempre, à arma anticomunista, mas associando-lhe hoje novas formas, meios e diversificadas expressões.

É ao ideal comunista que pertence o futuro

Em paralelo, desenvolvem uma gigantesca campanha de promoção dos sentimentos de insegurança e de medo (por vezes, a raiar o pânico e o terror), explorando de modo sensacionalista ou manipulando problemas, situações e acontecimentos.

De facto, o capitalismo, à medida que se aprofunda a sua crise, reage com crescente agressividade, mas sempre com os mesmos e bem precisos objectivos: justificar políticas contrárias aos interesses dos trabalhadores, desmobilizar da luta organizada, criar sentimentos de impotência (e, consequentemente, de adaptação e acomodação) perante os problemas, criminalizar a ideologia, o ideal, o projecto e a militância comunistas.

A par desta campanha e, indissociável do seu desenvolvimento, aprofunda-se a exploração e crescem as desigualdades, flagelos e injustiças sociais, põem-se em causa direitos fundamentais, limita-se a soberania nacional, impõe-se baixos salários, promove-se a precariedade laboral ea desregulaçãodos horários de trabalho, desinveste-se nos serviços públicos.

Ora, o PCP, apesar da enorme desproporção de meios, trava esta luta ideológica a partir da sua independência de classe, política e ideológica, reafirmando, com determinação e confiança, o ideal e o projecto comunista e o seu compromisso de sempre com os trabalhadores e o povo. É uma luta que se trava no campo da batalha das ideias, mas de modo dialecticamente articulado com a prática, com a iniciativa, a acção, o reforço da organização, a intervenção quotidiana do Partido pelos direitos, pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do povo, por uma política alternativa patriótica e de esquerda, pela democracia avançada, pelo socialismo e o comunismo.

Intervir hoje nesta batalha, impõe, pois, ter presentes na intervenção dos membros do Partido as linhas de acção apontadas pelo Comité Central na sua reunião de 1 de Fevereiro:

- Uma intervenção centrada na defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores e do povo e na exigência de soluções para o País, no alargamento do trabalho unitário, no estímulo ao fortalecimento das organizações unitárias de massas;na dinamização da luta de massas e do esclarecimento, intervenção e mobilização política, garantindo, desde já, uma ampla participação nas várias acções já marcadas;

- A iniciativa e luta e o prosseguimento da acção insubstituível do Partido e o alargamento da sua influência e ligação às massas, respondendo à situação presente, lutando por soluções, pela ruptura com a política de direita, pela alternativa patriótica e de esquerda, exercendo o seu papel de vanguarda ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País, na concretização do seu Programa, na afirmação do seu ideal e projecto.

Nesta acção, assume particular importância a realização do comício de 6 de Março, no Campo Pequeno, em Lisboa, que culmina as comemorações do Centenário do PCP, assinala o seu 101.º aniversário e constituirá uma grande acção de massas inserida na luta pela resolução dos problemas nacionais, pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do povo, contra a exploração e o empobrecimento, pela ruptura com a política de direita, por uma política alternativa, pela afirmação do ideal e projecto comunistas.

E, tendo presente que, neste combate, a nossa grande arma reside na organização, na coesão, na unidade do Partido, na ligação estreita com a classe operária e as massas, assume uma grande importância o reforço do Partido, com destaque para o reforço do trabalho de direcção e a responsabilização e formação de quadros; o reforço da organização e intervenção nas empresas e locais de trabalho; o fortalecimento das organizações locais; o reforço da intervenção junto de sectores e camadas específicas, como a juventude; a adesão de novos militantes no desenvolvimento da campanha nacional de recrutamento ”O futuro tem Partido”; uma maior e mais regular inserção dos membros do Partido na vida e na actividade partidárias; a adopção de medidas no plano da luta das ideias e da dinamização da imprensa e da propaganda; o trabalho para a independência financeira e recolha de meios indispensáveis para esse objectivo, nomeadamente a campanha de aumento da quota e quota em dia; a realização de assembleias das organizações partidárias.

A imperativa necessidade que a ideologia dominante sentede intensificar esta ofensiva não reflecte confiança no futuro. Bem pelo contrário, reflecte o medo das classes dominantes por aquilo que, por força da luta organizada que continuaremos a travar, a História acabará por confirmar: que é ao ideal e ao projecto comunista que pertence o futuro.




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