Subida generalizada dos preços prova urgência de mudar de rumo
«A solução para enfrentar o aumento do custo de vida, a pobreza, as situações de privação, a emigração, a quebra demográfica», não está nem no regresso ao empobrecimento forçado imposto por PSD/CDS, nem nas opções e políticas do PS, reafirma o PCP.
O que o País precisa é de uma outra política
Em conferência de imprensa no final da semana passada, o Partido acusou mesmo o PS de travar «o aumento dos salários e das pensões», sacrificar as condições de vida das camadas laboriosas e as receitas fiscais «ao lucro dos grupos económicos», de sobrepor «as imposições da UE às necessidades do povo».
Nesse sentido, sublinhou Vasco Cardoso, da Comissão Política, o que o País precisa é de «uma outra política económica que reduza o grau de dependência externa, que nos exponha menos às alterações que ocorrem no plano internacional», que «promova a substituição de importações por produção nacional, orientada para uma maior e mais justa distribuição da riqueza, para a criação de emprego qualificado, para o combate à pobreza, para o desenvolvimento do País».
«Não foi nem é a recusa do PS a muitas destas propostas (como se verificou na discussão do último Orçamento do Estado), nem a convergência entre PS e PSD para as bloquear, que lhes retiram centralidade», prosseguiu o dirigente comunista.
Tudo a aumentar
A motivar a tomada de posição do PCP está o «vasto aumento dos preços de bens e serviços essenciais», tendência que vem de 2021, explicou Vasco Cardoso, que precisou que ao crescimento «do preço das rendas de casa, das portagens, dos transportes públicos, dos serviços de inspecção automóvel e muitos outros», em vigor desde 1 de Janeiro, somam-se os que não esperaram pelo ano novo «para se fazer sentir na carteira de milhões de portugueses».
São os casos da energia, que, «não fosse a nossa insistência em manter a tarifa regulada, teriam disparado ainda mais»; dos combustíveis, relativamente aos quais «quer PS quer PSD recusaram sempre a limitação das margens grossistas, insistindo na liberalização dos preços em proveito das petrolíferas»; das habitações, cujos preços «nunca pararam de crescer desde a Lei das Rendas do governo PSD/CDS e que o PS se recusou sempre a reverter».
«É também o caso dos serviços de telecomunicações», dos dos «serviços bancários, que passaram, na maior parte dos casos, de gratuitos a uma importante fonte de lucro dos accionistas», ou dos «alimentos, vestuário, equipamentos diversos, inseparáveis do elevadíssimo grau de dependência externa com que Portugal está confrontado», salientou igualmente Vasco Cardoso, que realçando que «a situação hoje não é mais grave porque o PCP foi e vai à luta», insistiu na emergência de medidas como o «aumento geral dos salários» e do Salário Mínimo para os 850 euros já em Janeiro de 2023», a valorização das carreiras e profissões, a dinamização da contratação colectiva, o «aumento extraordinário das pensões, incluindo as que estiveram congeladas, num mínimo de 10 euros».
«Reafirmamos também a necessidade de medidas que promovam a regulação do preços de bens e serviços essenciais», de «revogar este ano a Lei das Rendas e intervir fortemente na disponibilização de habitação pública», de reduzir para 6 por cento o IVA sobre a electricidade e o gás de botija «no quadro de uma redução mais global do peso dos impostos indirectos», e de «assegurar uma maior progressividade dos impostos que tribute o grande capital», defendeu Vasco Cardoso.