Política

Gustavo Carneiro

O chumbo do Orçamento do Estado e a decisão do Presidente da República de convocar eleições legislativas antecipadas conferiram à política uma renovada atenção mediática. Nas televisões, rádios e jornais, em artigos, comentários e debates, discute-se de tudo: de sondagens a aritméticas pós-eleitorais, da performance dos actuais líderes ao futuro das lideranças partidárias.

Na maioria dos casos, o bom político é o que navega na ambiguidade ou o que dispara sonoros soundbytes capazes de atrair microfones e câmaras e multiplicar réplicas nas redes sociais. Já o acerto das opções de cada força é medido por previsíveis (ou inventados) efeitos em futuras eleições e não pelos interesses que representam ou pelo impacto que cada uma delas possa ter na vida de milhões de pessoas.

Resumindo, do muito que se tem discutido, algo tem ficado à margem: a própria política.

O que se disse e escreveu sobre o voto contra do PCP ao Orçamento do Estado é revelador desta abordagem apolítica à política: muito cálculo eleitoralista, especulação de sobra e nenhum interesse real em explicitar fundamentos, por mais que tenham sido mil e uma vezes repetidos.

Veja-se o caso da contratação colectiva, uma das muitas questões levantadas pelo PCP a que o PS não deu resposta, apesar do seu impacto orçamental nulo. Se é verdade que os termos contratação colectiva e caducidade entraram no léxico mediático – ainda que por breves instantes, para logo se esfumarem –, também o é que pouco ou nada se fez para tornar claro o que significam.

Ao permitir aos sindicatos negociar remunerações e direitos (férias, pausas, subsídios) em condições mais favoráveis aos trabalhadores, a contratação colectiva significa mais salário ao final do mês para fazer face às crescentes despesas com a energia, a habitação, as comunicações, a educação e o desporto dos filhos, e mais tempo para a família, para a cultura, para a participação política e associativa.

Com a caducidade, inscrita na lei desde 2003 e nunca revertida, bastou ao patronato recusar-se a negociar para que muitos contratos deixassem de ser válidos. Desse modo, ficaram nos seus bolsos – e acumularam-se nos seus lucros – as dezenas ou até centenas de euros mensais perdidos por cada um dos milhares de trabalhadores que deixaram de estar abrangidos por esses contratos.

Sim, a política é feita de opções. E as do PS são estas.




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