Jovens resistem, exigem e conquistam

«Avançar é preciso e pela luta é que lá vamos», realçou Dinis Lourenço, falando pelos jovens trabalhadores «organizados nos nossos sindicatos de classe, nas empresas e locais de trabalho», conhecedores por experiência própria de que «é com a luta que conquistamos os aumentos salariais, a redução dos horários de trabalho, o fim da precariedade».

O coordenador nacional da Interjovem, que interveio nos Restauradores antes da Secretária-geral da CGTP-IN, descreveu «uma situação grave», caracterizada por salários baixos, exorbitantes custos de habitação, horários cada vez mais desregulados e ritmos de trabalho cada vez mais intensos.

Assinalou que, «através de mecanismos como os “bancos” de horas, que o Governo do PS ajudou a legitimar, as “adaptabilidades” e também as horas extraordinárias pagas como normais e outros abusos, os jovens vão trabalhando cada vez mais horas».

Acusou o patronato de não contratar mais trabalhadores e preferir «sobrecarregar os jovens trabalhadores, impondo metas inalcançáveis, trabalho por turnos e nocturno, ritmos violentos e muita pressão».

Entre a juventude trabalhadora, persiste a precariedade, multiplicam-se os contratos a prazo, a praga dos falsos recibos verdes, o recurso às empresas de trabalho temporário (excluindo os trabalhadores das condições laborais para as quais de facto trabalham).

Dinis Lourenço sublinhou que «nada disto é inevitável», notando que o Governo do PS «teve várias oportunidades para reverter esta situação e promover uma verdadeira valorização dos jovens trabalhadores, mas manteve a política de favorecimento do capital».

Para a Interjovem, a recente «agenda do trabalho digno» insere-se nesta política, ignorando o aumento dos salários, a redução do horário de trabalho e a sua actual desregulação e ficando muito aquém do necessário. O jovem dirigente recordou que o PS «recusou-se a revogar o período experimental de seis meses, injusto e discriminatório, para jovens à procura do primeiro emprego e desempregados de muito longa duração».

Quanto aos lamentos patronais sobre dificuldade em recrutar pessoal, contrapôs que «os jovens querem trabalhar, mas querem um trabalho que os valorize, com condições, sem exploração, com horários dignos».

A participação de jovens foi notada em diversos momentos, começando pelo numeroso e vibrante grupo de activistas da Interjovem, na cabeça da manifestação (logo atrás da faixa principal, transportada por membros da Comissão Executiva da CGTP-IN), e repetindo-se em muitos dos distritos que desfilaram na Avenida da Liberdade.

 



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