«É nos momentos difíceis que se revelam os verdadeiros amigos»
Khai Hoan Le é director do gabinete em França do jornal do Partido Comunista do Vietname, Nhan Dan. Ao Avante!, falou dos desafios que a epidemia de COVID-19 colocou ao país, do modo como ela foi combatida desde o primeiro momento e do papel central que a solidariedade assume na resolução de problemas que são globais. E reafirmou o compromisso dos comunistas vietnamitas com o bem-estar do povo e o objectivo de construção do socialismo.
«Sempre que enfrentamos um grande desafio mobilizamos todas as nossas forças»
O Vietname foi, numa primeira fase, um dos países a responder de modo mais eficaz à epidemia de COVID-19, com muito poucos casos registados durante todo o ano de 2020. Como se explica isto?
Durante todo o ano passado, o Vietname foi um magnífico exemplo de combate à epidemia e aos seus impactos. Tomámos diversas medidas para procurar travar a disseminação do vírus pela comunidade e graças a estes esforços foram registados muito poucos casos no país ao longo de todo o ano de 2020.
Isto deveu-se à capacidade demonstrada pelo Partido e pelo Estado de mobilizar todos os sectores da sociedade necessários à concretização desse objectivo. Aliás, é isso que fazemos quando enfrentamos um grande desafio: mobilizamos todas as forças, todo o sistema político, todas as organizações de massas, todo o povo. Só assim conseguimos ter uma resposta unificada e eficaz.
Também graças à resposta que fomos capazes de dar à epidemia, conseguimos ao mesmo tempo fazer do Vietname um dos poucos países do mundo a registar um significativo crescimento económico em 2020, na ordem dos três por cento.
Mas nos últimos meses a situação sanitária agravou-se...
Com a Variante Delta, as coisas alteraram-se e nos últimos meses o Vietname conheceu o período mais grave da epidemia. A maior transmissibilidade desta variante e o facto de muitos terem contraído o vírus sem terem desenvolvido qualquer sintoma levou a que o país chegasse a registar perto de 10 mil casos por dia [N.d.R: o Vietname tem uma população de aproximadamente 100 milhões de pessoas. Portugal, com uma população de 11 milhões, chegou a ultrapassar os 13 mil casos/dia].
Ora, esta realidade obrigou-nos a alterar alguns métodos e a mobilizar organizações internacionais para apoiarem o nosso sistema de saúde. E a situação melhorou. Entretanto, impulsionámos também o processo de vacinação, pelo que esperamos em breve inverter drasticamente a pirâmide dos contágios.
Que papel teve a solidariedade internacional em todo este combate?
Em 2020, quando o Vietname tinha a situação sanitária totalmente controlada, apoiámos os nossos amigos em todo o mundo, com máscaras cirúrgicas e outros equipamentos necessários. Depois, quando fomos nós a estar numa situação difícil, esses amigos retribuíram-nos o apoio que lhes tínhamos prestado, enviando-nos vacinas e outros equipamentos médicos. Cuba merece a este respeito uma referência especial.
O Vietname é um país solidário e sempre ajuda quem se encontra em dificuldades. Da mesma forma que nos momentos mais difíceis da nossa história sempre pudemos contar com a solidariedade dos nossos amigos. O presidente Ho Chi Minh ensinou-nos isso, que é nas alturas difíceis que se revelam os verdadeiros amigos.
O Partido Comunista do Vietname comemorou os seus 90 anos em 2020. De que modo os comunistas vietnamitas olham para a sua história e projectam o seu futuro?
O Partido Comunista do Vietname, fundado em 1930, está ligado aos três marcos fundamentais da nossa história: o primeiro foi em 1945, quando o fundador do Partido, Ho Chi Minh, leu a Declaração de Independência e proclamou a República Democrática do Vietname; o segundo dá-se em 1954, com a vitória sobre o colonialismo francês; e o terceiro, em 1975, assinala a libertação do Sul e a unificação do país. Todas as gerações de vietnamitas compreenderam e apoiaram o caminho apontado pelo presidente Ho Chi Minh e pelo Partido Comunista do Vietname de lutar pela independência e pela reunificação do país.
Mas depois da guerra, e em grande medida por causa dela, o povo e o Partido enfrentaram enormes dificuldades. Até que a partir de 1986 se entrou num período novo, a que chamámos de Renovação.
O que mudou desde então?
Nestes 35 anos, o país mudou profundamente e as condições de vida do povo melhoraram imenso. O Vietname tem hoje parcerias de vários tipos com diversos países e organizações internacionais e o seu papel no mundo é cada vez mais relevante. Muita gente que regressa ao Vietname depois de alguns anos apercebe-se das enormes transformações verificadas no nosso país.
Do 13.º Congresso do PCV, realizado já este ano, saíram importantes orientações e tarefas fundamentais para continuar a desenvolver o país, elevar o nível de vida do povo e prosseguir o rumo para o socialismo.