Victor de Sá foi recordado em Braga no seu centenário

A pro­pó­sito do Cen­te­nário de Victor de Sá foi apre­sen­tada, em Braga, dia 16, a re­e­dição da sua obra «Fas­cismo no Quo­ti­diano».

A re­e­dição de «Fas­cismo no Quo­ti­diano» dá voz aos ex­plo­rados e des­mis­ti­fica os ex­plo­ra­dores

A ini­ci­a­tiva foi pro­mo­vida pela Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Braga do PCP para as­si­nalar os cem anos do nas­ci­mento da­quele mi­li­tante co­mu­nista e de­correu no pas­sado sá­bado, no Museu No­gueira da Silva.

Uma sala a trans­bordar de ca­ma­radas, amigos e fa­mi­li­ares do des­ta­cado an­ti­fas­cista, li­vreiro, his­to­ri­ador e es­critor de Braga, cujo cen­té­simo ani­ver­sário se co­me­morou a 14 de Ou­tubro, as­sistiu às in­ter­ven­ções de Fran­cisco Melo, di­rector da Pá­gina a Pá­gina (que edita a obra), Fer­nanda Ri­beiro, pro­fes­sora uni­ver­si­tária e di­rec­tora da Fa­cul­dade de Le­tras da Uni­ver­si­dade do Porto, que pre­fa­ciou a re­e­dição da obra «Fas­cismo no Quo­ti­diano», e Ma­nuel Ro­dri­gues, da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral e di­rector do Avante!.

«Fas­cismo no quo­ti­diano» surgiu para contar aos ado­les­centes de uma es­cola se­cun­dária as ori­gens do golpe de 28 de Maio de 1926, que ins­taurou a di­ta­dura fas­cista em Por­tugal. Esta obra re­lata, em vá­rias pe­quenas his­tó­rias, con­tadas através das vi­vên­cias e re­fle­xões do autor, como o fas­cismo di­fundia o medo e se atra­ves­sava na li­ber­dade e na vida de todos quantos não per­ten­ciam às classes que fa­vo­recia: os grandes ca­pi­ta­listas e la­ti­fun­diá­rios, ali­ados do im­pe­ri­a­lismo es­tran­geiro.

Fran­cisco Melo su­bli­nhou que faz todo o sen­tido a re­e­dição deste livro, lan­çado pela pri­meira vez em 1989, ter fi­cado a cargo da Pá­gina a Pá­gina, pois en­quadra-se nos ob­je­tivos de dar voz às classes do­mi­nadas, des­mi­ti­ficar a ide­o­logia do­mi­nante e trans­mitir os va­lores de­mo­crá­ticos, hu­ma­nistas e li­ber­ta­dores.

Já Fer­nanda Ri­beiro deixou al­guns apon­ta­mentos sobre como esta obra se en­quadra no per­curso de Victor de Sá, na sua ati­tude pe­rante a His­tória Con­tem­po­rânea Por­tu­guesa (tema para cuja in­ves­ti­gação teve um papel fun­da­mental e de van­guarda), e nas suas ca­rac­te­rís­ticas de in­te­lec­tual atento, mas si­mul­ta­ne­a­mente ac­tu­ante e trans­for­mador, sendo ele­gante sem deixar de ser acu­ti­lante e firme nas suas con­vic­ções.

Ma­nuel Ro­dri­gues, por seu lado, traçou uma lei­tura da bi­o­grafia de Victor de Sá e do modo como a sua vida foi pro­fun­da­mente mar­cada pelo con­texto his­tó­rico em que lutou, de­sig­na­da­mente sob a di­ta­dura fas­cista em Por­tugal. Fas­cismo que valeu a Victor de Sá vá­rias pri­sões, apre­en­sões de li­vros, im­pe­di­mento de exer­cício das fun­ções de pro­fessor (já de­pois da sua no­me­ação e no pró­prio dia em que se apre­sentou na Es­cola Co­mer­cial de Braga), proi­bição de acesso à Função Pú­blica e não re­co­nhe­ci­mento do Dou­to­ra­mento ob­tido na Sor­bonne.

E é a partir da es­tória (das es­tó­rias) de um «me­nino que nem cinco anos tinha quando ocorreu o 28 de Maio» que Victor de Sá conduz ha­bil­mente a nar­ra­tiva ex­pli­cando como acon­teceu o 28 de Maio de 1926, o que foi o fas­cismo e como se or­ga­nizou a luta de re­sis­tência an­ti­fas­cista.

Para Ma­nuel Ro­dri­gues, este livro cons­titui «uma men­sagem que im­pele os co­mu­nistas, os de­mo­cratas e pa­tri­otas, todos os que se pre­o­cupam com o rumo po­lí­tico do País, a pros­se­guir a luta pelos ideais que nor­te­aram a vida de Victor de Sá, pela rup­tura com a po­lí­tica de di­reita e pela afir­mação de uma po­lí­tica al­ter­na­tiva que res­ponda com ur­gência aos pro­blemas na­ci­o­nais e pro­mova o de­sen­vol­vi­mento e o pro­gresso so­cial, tendo no ho­ri­zonte a er­ra­di­cação da ex­plo­ração do homem pelo homem».

 



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