Na resposta à Saint-Gobain falta posição firme do Governo
Os trabalhadores da Saint-Gobain Sekurit mantêm as concentrações diárias à porta da fábrica, em Santa Iria de Azóia, e foram a Lisboa exigir que o Governo intervenha e trave a multinacional.
A estratégia da multinacional será derrotada pela luta
Lusa
No dia 2, ali compareceu uma delegação da CGTP-IN, liderada pela sua Secretária-geral, Isabel Camarinha.
No dia 8, a segunda reunião de representantes dos trabalhadores com a DGERT (Ministério do Trabalho) e a administração, «foi longa, mas não conclusiva», disse à agência Lusa a coordenadora da Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro (Feviccom). Fátima Messias reafirmou que «vamos pedir a intervenção do Governo junto desta multinacional».
Na reunião, os representantes dos trabalhadores pediram informações sobre o impacto económico do encerramento da fábrica e sobre os resultados líquidos obtidos entre 1996 e 2020, para comparar números altamente positivos com os alegados prejuízos mais recentes.
Numa posição, divulgada dias antes pela Comissão de Trabalhadores, recorda-se que a multinacional Saint-Gobain ostentou 1298 milhões de euros de lucros no primeiro semestre de 2021. Em Portugal, lembra a CT, a vidreira recorreu ao «lay-off simplicado» com ajudas do Estado.
Na quinta-feira, dia 9, os trabalhadores levaram as suas exigências até ao Ministério do Economia, face à falta de resposta a um pedido de reunião feito havia quase duas semanas. Desfilaram, em protesto, desde o Jardim de São Pedro de Alcântara, e obtiveram uma promessa de reunião na semana seguinte.
Mas o que pretendem mesmo é uma decisão do Governo para impedir: o despedimento colectivo de mais de 200 pessoas (130 da Saint-Gobain Sekurit e mais de 70 de empresas que desta dependem); o fecho da única unidade em Portugal que produz e transforma vidro para a indústria automóvel; e a transformação da antiga Covina num mero centro logístico.
Nesta acção, os trabalhadores voltaram a contar com a presença solidária de Bernardino Soares, presidente da CM de Loures.
Ontem, de manhã, os trabalhadores foram até ao Ministério do Trabalho, para onde se deslocaram em marcha, desde as proximidades do Teatro Maria Matos. Também ali receberam a promessa de agendamento próximo de uma reunião com a ministra.
«As pessoas com quem reunimos não têm poder de decisão», comentou Pedro Milheiro, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira e trabalhador na fábrica de Santa Iria de Azóia. Em declarações ao Avante!, sublinhou que «estamos prontos para começar a trabalhar» e alertou que «cada dia que passa acrescenta problemas ao problema que já temos». Pedro Milheiro reafirmou a exigência de soluções urgentes para manter a laboração.