A urgência de investir no Serviço Nacional de Saúde

Margarida Botelho

O jornal Público divulgou um trabalho sobre a situação do acesso das crianças e dos jovens a cuidados de pedopsiquiatria. Os números recolhidos são impressionantes: entre Março e Maio deste ano os casos de urgência no Centro Hospitalar Universitário do Porto aumentaram 95% face ao mesmo período de 2019, e os especialistas afirmam que o aumento é semelhante em todo o país.

O director de pedopsiquiatria do Hospital Dona Estefânia, na mesma peça, cita outros números: os tempos de espera para uma consulta da especialidade são actualmente de dois meses para a primeira infância, 3 a 4 meses para a segunda infância, 4 a 5 meses para os adolescentes; a falta de profissionais que denuncia é aflitiva: um no Algarve que não está a tempo inteiro, duas no distrito de Setúbal, uma no distrito de Santarém e outra no de Évora. Presume-se que a realidade não seja muito diferente nos distritos que o jornal não elenca. A falta de resposta para as consultas de especialidade pressiona ainda mais as urgências, como é fácil de prever, e enche o sector privado.

Os três pedopsiquiatras citados pelo Público apontam razões para que as crianças e os jovens necessitem de mais cuidados na área da saúde mental: confinamento, isolamento, dificuldades familiares, desemprego e pobreza, ensino à distância, interferência no processo de socialização, além da “verborreia informativa, que fez com que o medo se espalhasse mais do que o próprio vírus”, não só sobre a COVID-19, mas mais recentemente também sobre o processo de vacinação das faixas etárias mais jovens.

Este diagnóstico confirma como o confinamento e o discurso do medo não foram e não são forma de enfrentar o problema de saúde pública que atravessamos, como aliás o PCP sempre alertou e combateu. Não há como voltar atrás, mas há tempo, meios e forças, com investimento urgente e determinado no Serviço Nacional de Saúde e na escola pública, para acompanhar esta geração de crianças e jovens e permitir-lhes um desenvolvimento integral. O PCP está na primeira linha dessa luta.




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