O capitalismo não é o «fim da história»

Manuel Rodrigues

Há 100 anos foi fundado o Partido Comunista da China. Há 72 anos era proclamada a República Popular da China, acontecimento revolucionário de enorme importância, que colocaria este imenso País na rota do desenvolvimento soberano e do progresso social. Daí para cá, o que se torna particularmente evidente é o caminho de progresso que se tem vindo a registar e que hoje catapulta a China para o primeiro plano da revolução científica e tecnológica, começando a deixar para trás as grandes potências capitalistas, como é o caso dos EUA, até há bem pouco numa posição hegemónica incontestável.

Se não, vejamos:

Nos últimos 30 anos, a economia chinesa foi a que mais cresceu, e hoje é a segunda maior economia do mundo. Nos últimos cinco anos, a China conseguiu atingir a meta da erradicação da pobreza absoluta no seu imenso e super-populoso território, deu passos determinantes na luta contra a epidemia COVID-19, vacinou mais de mil milhões de chineses e já exportou ou doou cerca de 600 milhões de vacinas para os países mais pobres do mundo.

Ao mesmo tempo, nos primeiros meses de 2021, a China pousou o seu robô Zhu Roncem Marte; iniciou a montagem e colocou em funcionamento a sua própria estação espacial ao redor da Terra – Tiangong; enviou com sucesso a nave Shezhou 12, com três taikonautas para permanecerem três meses na nova estação; anunciou para 2024 a colocação em órbita de um telescópio 300 vezes mais potente do que o Hubble, dos EUA; avançou na construção do seu reactor de fusão nuclear (o Toka Mak Experimental Super Conductor), o «sol artificial», que já atingiu uma temperatura de vários milhões de graus centígrados. Por outro lado, a China já é hoje, depois de apenas escassas dezenasde anos do começo do seu programa de comboios de alta velocidade, o país com a maior rede do mundo de comboios de alta velocidade (cerca de 40 mil quilómetros, que planeia alargar para 70 mil até ao ano de 2035), e acabou de apresentar o protótipo de seu novo comboio com levitação magnética que poderá chegar a velocidades entre os 600 eos 800 km por hora.

O capitalismo não é, de facto, o «fim da história, por mais que o continue a proclamar a ideologia dominante.

 



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