Partido Comunista Colombiano reafirma compromisso com a paz
Ao assinalar os 91 anos da sua fundação, o Partido Comunista Colombiano ratificou o seu compromisso com a paz e com o projecto democrático e popular que impulsiona para superar a crise nacional na Colômbia.
Só este ano já foram assassinados 31 ex-guerrilheiros das FARC
O Partido Comunista Colombiano (PCC), no quadro dos 91 anos da sua fundação – a 17 de Junho de 1930 –, saudou o povo da Colômbia e reafirmou o seu compromisso com a paz.
Em comunicado, a organização política destacou que a longa e ininterrupta luta dos comunistas e outros patriotas trouxe conquistas essenciais para a classe operária e o campesinato e a modernização democrática do país. Entre elas, enumerou, o reconhecimento do sindicalismo e dos direitos laborais, a luta pela terra, os elementos fundamentais da segurança social, o surgimento de uma intelectualidade antifascista, avanços para uma política externa independente e de paz.
Assinalou que, com a viragem anticomunista de 1948 e a violência e a ditadura militar da década de 1950, o PCC cumpriu o seu dever de resistência e luta pela democracia.
Enfatizou que a Frente Nacional não democratizou o país e desencadeou uma guerra social de contra-insurgência, mas o PCC defendeu desde 1980 a necessidade de uma solução política para alcançar a paz e a convivência com base no alargamento da democracia.
«Após o Acordo e Paz de Novembro de 2016, a Colômbia começou a encontrar uma saída histórica», ressaltou o PCC, acrescentando que o regime uribista [de Álvaro Uribe, ex-presidente direitista] encarna a regressão política, o impedimento de qualquer opção de abertura democrática, de justiça social, com a entrega da soberania nacional ao imperialismo e a confrontação com os processos democráticos da América Latina e das Caraíbas.
Neste 91.º aniversário, o PCC saudou o povo da Colômbia, reafirmou a sua posição de superar a actual crise nacional pela via de uma saída democrática e popular que garanta a vida, o respeito pelas propostas alternativas, as liberdades públicas e o bem-estar das maiorias. Para isso, acentuou, é indispensável a unidade de todos os factores defensores da paz, da sua implementação e cumprimento, da superação definitiva do neoliberalismo na política económica e social.
Os comunistas colombianos defendem e impulsionam a mais ampla convergência, na perspectiva de um governo e parlamento que encarnem o projecto democrático avançado de país e sociedade para superar a crise nacional.
«Estado criminoso»
Militantes do partido Comuns repudiaram, na terça-feira, 27, o assassinato do jovem Yeison Andrés Sarmiento, subscritor do Acordo de Paz e em processo de reincorporação.
Com a sua morte, somam 31 os ex-guerrilheiros assassinados este ano e 280 desde a assinatura do Acordo de Paz em 2016 entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP) e o governo de Juan Manuel Santos, em representação do Estado colombiano.
Sarmiento, de 21 anos, como era menor de idade quando ambas as partes puseram fim ao conflito armado, integrou-se num processo diferenciado, nos termos do acordado no histórico pacto.
O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz, que recolhe informação acerca das violações dos direitos humanos no país, revelou que o jovem morreu depois de ser atingido por vários tiros, no departamento de Guaviare. Naquela zona operam grupos armados irregulares que disputam o controlo do território para tráfico ilegal de produtos usados nas drogas, assim como para criação ilícita de gado.
O partido Comuns, outrora Força Alternativa Revolucionária do Comum, nascido do Acordo de Paz em Havana, denuncia constantemente o incumprimento do pacto por parte do governo de Bogotá, sendo evidente, entre outros aspectos, o assassinato sistemático de ex-combatentes das FARC.
A este propósito, a senadora Victoria Sandino, do partido Comuns, denunciou que o governo de Iván Duque simula cumprir o Acordo de Paz quando na realidade aumenta o derramamento de sangue na Colômbia. E, ao referir-se ao recente assassinato do ex-guerrilheiro Yorbis Valencia Carabali, no departamento de Cauca, considerou de «criminoso» o Estado colombiano.