Onde vais, BE?

João Frazão

Do BE, nem uma palavra de solidariedade à revolução cubana.

Nem uma mensagem de apoio ao notável processo que tirou o povo caribenho do estatuto de bordel colectivo do Tio Sam, mais de uma semana depois dos acontecimentos que fazem salivar de satisfação as forças reaccionárias um pouco por todo o mundo.

Pelo contrário. Nos seus órgãos de comunicação, veicularam as informações das centrais de desinformação internacional.

As grandiosas manifestações populares em defesa da Revolução que, face às ameaças de desestabilização, trouxeram para as ruas da ilha centenas de milhares de pessoas, numa impressionante demonstração de identificação com o rumo soberano que escolheram há quase seis décadas, essas, foram olimpicamente ignoradas.

Em contrapartida, deputados e a eurodeputada daquele partido fazem eco com a campanha de intoxicação internacional e um dos seus principais dirigentes indigna-se mesmo por Diaz-Canel, Presidente da República, ter apelado à defesa da Revolução. Talvez seja pedir demais ao dirigente e deputado a honestidade de lembrar que a Revolução portuguesa, em mais do que um momento, se defendeu na rua, pela ampla mobilização popular contra os que queriam fazer andar a roda da história para trás, instrumentalizando legítimas críticas e questionamentos face a dificuldades do momento.

Dificilmente encontraremos texto em que o conteúdo anticomunista seja tão marcado.

Diz o bloquista que não fala sobre a educação e a saúde em Cuba, como se isso fosse coisa despicienda e se os avanços conseguidos nessas áreas não representassem em si mesmos manifestações de força e de vitalidade da própria revolução.

Diz também que não comenta o bloqueio, mesmo que reconheça que é responsável por grande parte das dificuldades, como se isso fosse coisa menor, e houvesse possibilidades de lidar com ele de outro modo que não com firmeza e determinação.

Acusa de se fazerem apelos à violência, sem o demonstrar e sendo complacente com a violência que está subjacente às manobras para pôr a Revolução em perigo.

Nesta batalha fundamental da luta de classes que se desenvolve no plano mundial, o BE não ficou neutro. Ao pôr toda a tónica na crítica aos dirigentes cubanos e ao amplo processo de participação democrática que ali vigora, e ao tentar igualar os que defendem a Revolução Cubana e o inimigo principal dos povos – o imperialismo norte americano, que não olha a meios para a destruir – o BE tomou posição. E não foi a favor do povo cubano.

Talvez a melhor expressão neste caso seja mesmo «a Revolução, defendem-na os revolucionários».



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