Greve e concentração a 21 de Julho contra despedimentos na Altice

Os trabalhadores do Grupo Altice e as suas organizações representativas (ORT) estão em luta contra mais um despedimento colectivo. Para 21 de Julho estão marcadas uma greve e uma concentração.

Num comunicado conjunto de vários sindicatos com expressão no grupo Altice (resultante da privatização e desmantelamento da Portugal Telecom), promete-se uma «grande luta» a 21 de Julho, um «dia histórico», capaz de travar mais um despedimento colectivo, desta feita envolvendo 300 trabalhadores. Vivo na memória está ainda a luta de há quatro anos, que derrotou a transmissão de estabelecimento pretendida pela administração.

Os sindicatos denunciam as pressões exercidas sobre alguns trabalhadores, a quem está a ser solicitado que entreguem ferramentas e viaturas e deixem de comparecer ao serviço. Até esse momento, a Comissão de Trabalhadores não tinha recebido qualquer informação acerca dos trabalhadores que a administração pretende incluir no despedimento colectivo.

Para além disso, a «dispensa de actividade não pode ser dada verbalmente», pelo que os trabalhadores devem recusá-la e continuar a comparecer nos seus postos de trabalho. Caso algum «capataz» procure impedir o desempenho das funções, «devem de imediato chamar a intervenção da GNR e da ACT», sugerem os sindicatos.

No comunicado denuncia-se ainda o corte do acesso às comunicações dos trabalhadores, impedindo o contacto destes com os sindicatos. A criação de endereços de e-mail pessoais e a sua divulgação junto dos sindicatos é a sugestão deixada pelas ORT para que os trabalhadores possam continuar a expor as suas denúncias.

As acções marcadas para dia 21 – a greve geral na empresa e a concentração junto à sede, em Picoas – culminam uma série de iniciativas de protesto, que se inicia já amanhã, 9, às 10h00, com a concentração de activistas sindicais junto à residência oficial do primeiro-ministro. No dia 14, às 11h00, realiza-se um plenário junto ao edifício da empresa na Avenida Tenente Valadim, no Porto, e dois dias depois os activistas sindicais voltam a São Bento, em nova concentração junto à residência oficial do primeiro-ministro. Marcada para as 10h00, esta acção contará com a participação solidária do movimento sindical unitário da CGTP-IN.

CGTP-IN e PCP solidários

No dia 5, solidarizando-se com a luta e suas razões, a CGTP-IN lembrava que os despedimentos agora anunciados constituem «mais uma fase da destruição da empresa», iniciada com a privatização da Portugal Telecom. Desde essa altura, prossegue, os interesses privados, com o objectivo do lucro, têm-se sobreposto aos interesses do País e aos direitos dos trabalhadores, «por decisão e com a conivência de sucessivos governos». A Intersindical lembra ainda que desde a privatização «foram já destruídos neste Grupo milhares de postos de trabalho».

Ontem, já após o fecho da nossa edição, Jerónimo de Sousa encontrou-se com trabalhadores da Altice.

Por direitos nos centros de contacto

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT/CGTP-IN) está a promover «acções de denúncia e protesto» em defesa dos trabalhadores dos centros de contacto, vulgarmente conhecidos por call centers.

Na base da convocatória está a recusa das empresas de trabalho temporário e aluguer de mão-de-obra (como a Intelcia, Randstad, Manpower, Kelly Serviço, RHMais, Vertente Humana e outras) a trabalhar para a Meo/Altice, Vodafone, Nos e Nowo, em negociar aumentos salariais e os cadernos reivindicativos negociados pelos trabalhadores.

O sindicato reclama a integração dos trabalhadores nos quadros efectivos das empresas operadoras, aumentos salariais e condições de trabalho. Depois das acções em Faro e Beja, anteontem e ontem, estão marcadas iniciativas semelhantes para Évora (hoje, na Praça do Giraldo), Santo Tirso (dia 13, junto ao edifício da PT/Altice), Porto (dia 15, no edifício na Tenente Valadim e também na Vodafone da Boavista, e dia 16 na Nos de Campanhã), Coimbra (dia 20, no edifício da PT/Altice), Castelo Branco (dia 23 no Largo da Sé), e Lisboa, com uma tribuna pública junto ao Ministério do Trabalho, na Praça de Londres.




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