Sanções da UE contra Bielorrússia impostas à margem das Nações Unidas

Os comunistas da Bielorrússia consideram as sanções impostas pela União Europeia como mais uma etapa da «guerra híbrida» contra o seu país. Deputados do PCP propuseram um voto de condenação dessas medidas, impostas à margem da ONU.

Comunistas bielorrussos denunciam «guerra híbrida» contra o seu país

Os comunistas da Bielorrússia denunciam as pressões externas sobre o país, rejeitam as medidas coercivas unilaterais impostas pela União Europeia e apelam à unidade do povo em torno do presidente Alexander Lukashenko, legitimamente eleito. Ao mesmo tempo, instam as forças progressistas mundiais a apoiar a República da Bielorrússia na luta contra as sanções e pelo direito de escolher com independência e soberania o caminho do seu desenvolvimento.

«O pacote de sanções da União Europeia foi adoptado com cinismo por ocasião do 80.º aniversário do ataque da Alemanha nazi e seus satélites contra a União Soviética. Aparentemente, as lições políticas da II Guerra Mundial não foram aprendidas e o capital internacional, utilizando os regimes nacionalistas da Europa do Leste, visa de novo os territórios da Federação Russa ricos em matérias-primas e outros recursos. Para isso, no estádio inicial da agressão, são criados focos de instabilidade ao longo da Rússia, para transformar as suas fronteiras em «zonas cinzentas», incontroladas e perigosas. Neste esquema, a Bielorrússia está destinada exclusivamente ao papel de um Estado-tampão, uma fonte potencial de ameaça à Federação da Rússia e um trampolim para as formações militares da NATO» – considera o Partido Comunista da Bielorrússia (PCB).

Depois de lembrar as intervenções dos Estados Unidos da América e seus aliados contra países que rejeitam o controlo externo e defendem a sua própria via de desenvolvimento – como são, entre outros, os casos do desmantelamento da Jugoslávia, os ataques contra o Iraque, a Líbia e a Síria ou os bloqueios económicos a Cuba e à Venezuela –, os comunistas bielorrussos afirmam que não querem tal sorte para o seu país. E asseguram: «Não temos nenhuma ilusão quanto aos objectivos dos Estados ocidentais e dos iniciadores das sanções sectoriais contra a Bielorrússia – trata-se de uma nova etapa duma “guerra híbrida” levada a cabo contra o nosso Estado desde há um ano».

 

Desestabilizar
a Bielorrússia

O Grupo Parlamentar do PCP propôs na Assembleia da República um voto de condenação das medidas coercivas e unilaterais, adoptadas à margem das Nações Unidas, contra a Bielorrússia e o seu povo.

O texto apresentado pelos deputados do PCP refere que na sequência da aterragem do voo da Ryanair 4978 em Minsk, a 23 de Maio, após um aviso de ameaça de bomba, foi iniciado pelas autoridades bielorrussas um processo de investigação com vista ao esclarecimento do ocorrido, que continua em curso e para o qual solicitou a cooperação de instituições como a Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO).

Mesmo sem o completo apuramento dos factos, os Estados Unidos da América (EUA), o Reino Unido e a União Europeia (UE) apressaram-se a impor medidas coercivas e unilaterais – adoptadas à margem das Nações Unidas – contra a Bielorrússia, as quais «configuram uma operação de desestabilização, que integra medidas que visam abertamente atingir a economia deste país e as condições de vida do seu povo ou o aumentar da pressão militar junto às suas fronteiras.»

Os parlamentares comunistas propuseram que a Assembleia da República reafirme «o dever do respeito do Direito Internacional no que se refere às convenções internacionais de transporte aéreo», apele «à averiguação e cabal esclarecimento do ocorrido com o voo da Ryanair 4978 que aterrou em Minsk», inste «a que as relações com a República da Bielorrússia sejam baseadas no respeito dos princípios da Carta das Nações Unidas e do Direito Internacional, incluindo o respeito pela soberania, independência e integridade territorial deste país, e do direito do povo bielorrusso de decidir o seu destino, livre de pressões e ingerências externas» e apele «ao fim da escalada de confrontação da UE contra a Bielorrússia.»




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