Volta às Nações Unidas a exigência do fim do bloqueio a Cuba pelos EUA

A exigência internacional de pôr fim ao bloqueio dos EUA contra Cuba volta a ocupar a Assembleia Geral ONU, que já manifestou anteriormente, em 28 ocasiões, a sua rejeição ao criminoso cerco imposto por Washington há seis décadas.

A larga maioria dos Estados da ONU vota desde 1992 contra o bloqueio

No fórum multilateral, reunido em Nova Iorque, foi apresentado na quarta-feira, 23 [ontem, já depois do fecho desta edição do Avante!, que voltará ao assunto], o projecto de resolução que pede para acabar com o bloqueio norte-americano, para debate e votação.

Desde 1992, a maioria dos Estados membros das Nações Unidas expressam-se a favor do levantamento do bloqueio, deixando países como os EUA e Israel isolados com o seu voto contra o termo do mecanismo unilateral, de flagrante ilegalidade.

Em 2020, face à pandemia de COVID-19, Cuba não pôde submeter à Assembleia Geral da ONU o projecto de resolução denominado «Necessidade de pôr fim ao bloqueio económico, comercial e financeiro pelos Estados Unidos da América contra Cuba» e adiou a apresentação para 2021.

Anualmente, Havana publica um relatório, conhecido como «Cuba vs. Bloqueio», onde se expõem com dados e por sectores o impacto tangível e contável das sanções que o país caribenho sofre desde há 60 anos devido à política de sanções dos EUA.

O relatório, elaborado com grande rigor, mostra que o cerco norte-americano é a causa principal pela qual Cuba não consegue materializar os seus planos de desenvolvimento sustentável e a completa realização da Agenda 2030, um conjunto de metas globais estabelecidas pela ONU.

Como em 2020 foi adiada a sessão de debate e votação do projecto de resolução que pede o fim do bloqueio, agora foi apresentado um anexo ao documento. Esse texto suplementar inclui as principais consequências, de Abril a Dezembro de 2020, causadas pela política dos EUA contra Cuba, período em que o governo norte-americano recrudesceu o bloqueio no contexto da pandemia.

No mandato de Donald Trump, a Casa Branca lançou mais de 240 medidas coercivas unilaterais e sanções contra Cuba, as quais continuam vigentes, lembra a Prensa Latina. Com essas acções, Washington ignorou os apelos de altos responsáveis das Nações Unidas pedindo o levantamento das mesmas.

Só de Abril a Dezembro de 2020, o bloqueio causou perdas a Cuba na ordem dos três mil milhões e meio de dólares, verba que somada aos prejuízos do período anterior, ascende a mais de nove mil milhões de dólares, de Abril de 2019 até Dezembro de 2020.

 

Solidariedade firme

Ontem, ainda antes da votação, o PCP tornou pública uma nota em que reclama o «fim imediato do criminoso bloqueio dos EUA contra Cuba». Para os comunistas portugueses, o «criminoso bloqueio» constitui uma «inaceitável medida coerciva contra um Estado soberano, adoptada de modo unilateral e com carácter extraterritorial, e que afronta abertamente os princípios da Carta das Nações Unidas e o Direito Internacional».

Atentando frontalmente contra a soberania de Cuba, o bloqueio agride os direitos do povo cubano, procurando «impedir o desenvolvimento económico e social, incluindo o acesso a bens essenciais nos planos da saúde, alimentação, educação, desporto ou cultura, implicando pesados prejuízos e consequências».

Após lembrar que a actual administração norte-americana manteve as medidas de agravamento do bloqueio decididas por Trump, o PCP reclama do Governo português uma «atitude clara de condenação da política de ingerência e agressão dos EUA contra Cuba e de exigência do fim imediato do criminoso bloqueio norte-americano contra este país caribenho». E saúda o Partido Comunista de Cuba e o povo cubano pela sua «resistência e determinação face à violenta política dos EUA», reafirma a solidariedade para com a sua luta em defesa do «direito a decidir soberanamente o seu caminho, livre de quaisquer ingerências externas e a prosseguir a construção socialista».

Para ontem ao final da tarde, em Lisboa, estava marcada uma concentração pelo fim do bloqueio.




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