Moçambique: defesa e soberania

Carlos Lopes Pereira

Discursando na Praça dos Heróis, em Maputo, no Dia da Mulher Moçambicana, 7 de Abril, o presidente da FRELIMO e da República de Moçambique, Filipe Nyusi, abordou a situação na província de Cabo Delgado.

No dia 24 de Março, «os terroristas irromperam pela vila sede do distrito de Palma com disparos, abrindo fogo contra alvos civis, alguns dos quais bem seleccionados. Os terroristas mataram brutalmente, com absoluto desprezo pela vida humana, dezenas de pessoas inocentes que trabalhavam de forma heróica para o bem-estar das suas famílias. Outras dezenas de pessoas sofreram ferimentos, entre graves e ligeiros. A natureza brutal da acção dos terroristas não conhece limites», afirmou Nyusi, citado pelo jornal O País.

Lembrou que a vila de Palma e a península adjacente de Afungi ficam nas proximidades de jazidas de gás natural. É nessa região que se estão a lançar as bases para a exploração desse recurso tão importante para a economia moçambicana. A vila serve de base para os trabalhos de construção e fornece apoio logístico aos trabalhos em curso em Afungi. Palma registou, nos últimos anos, uma rápida evolução em termos de infra-estruturas, que incluem hotéis, bancos e empresas de prestação de serviços. A península de Afungi está, igualmente, a ser objecto de construções como acampamentos e zonas residenciais com as estradas de acesso e um aeródromo autónomo.

«Tais acções visam-nos intimidar, (…) roubando a esperança e semeando a discórdia. Como Governo, temos a noção da gravidade dessa situação. Não escolhemos esta guerra, ela foi-nos imposta, por isso, não temos outra opção senão trabalhar com determinação para restaurar a ordem e tranquilidade públicas nos distritos afectados», garantiu.

Descreveu o drama das populações deslocadas: «Para fugir da morte, famílias inteiras lançaram-se pelo mato, com os seus filhos menores, percorrendo longas viagens, cuja única certeza era o medo, a sede e a fome. Para fugirem a tamanha crueldade dos terroristas, estas pessoas sobreviveram numa condição que nenhum de nós pode imaginar. Não pode existir barbaridade maior, não é concebível crime maior contra a vida e os direitos humanos que vêm vivendo as populações dos distritos da zona Norte de Cabo Delgado».

O governo criou um grupo de trabalho, a nível ministerial, que está a lidar com o problema dos deslocados, nas suas várias vertentes.

Nyusi revelou que «muitos que estão nas fileiras do terrorismo, em Cabo Delgado, foram treinados e ideologicamente instrumentalizados no estrangeiro e as suas actividades são essencialmente financiadas por meios ilícitos e pelo crime organizado». Confirmou que Moçambique «solicitou ajuda internacional para fazer frente aos ataques terroristas», pedido que está a ser avaliado. E sublinhou que «os que chegarem de fora não virão para nos substituir, virão para nos apoiar, não se trata de um discurso vazio, trata-se de sentido de soberania».

A nível regional, decorreu em Maputo, no dia 8, uma cimeira extraordinária dos órgãos políticos e de defesa da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para avaliar a situação de segurança em Moçambique e, como resumiu o presidente Nyusi, «juntar experiências e formar uma frente unida para a prevenção e o combate ao terrorismo».




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