Salários em atraso motivam protestos
Para denunciarem o incumprimento patronal e exigirem o pagamento de salários, os trabalhadores do Bingo do Belenenses, das pastelarias Iguarialfacinha e da Louripan realizaram acções nos últimos dias.
Pagamentos parciais e promessas têm-se seguido às acções de luta
Na manhã de 25 de Março, trabalhadores das pastelarias do Grupo Iguarialfacinha, no concelho de Sintra, concentraram-se junto do Ministério do Trabalho. Um grupo de trabalhadores integrou-se, de tarde, na manifestação da juventude trabalhadora.
Organizados no Sindicato da Hotelaria e Similares do Sul, os trabalhadores acusam a entidade patronal de fugir às responsabilidades legais, incluindo a entrega de documentação, e reclamam o pagamento das remunerações em atraso e a reabertura dos sete estabelecimentos, encerrados abruptamente a 11 de Fevereiro.
Desde então, trabalhadores e sindicato têm realizado várias diligências e promoveram uma concentração, a 22 de Fevereiro, em frente da Pastelaria Canhola, uma das mais conhecidas do grupo.
A 9 de Março, a situação dramática destes trabalhadores foi colocada na Câmara Municipal de Sintra, pelo vereador Pedro Ventura, da CDU.
Os trabalhadores da Pastelaria Louripan, em Loures, manifestaram-se a 18 de Março em frente do estabelecimento, denunciando os constantes atrasos no pagamento de salários, desde há mais de oito meses. O Sindicato da Hotelaria e Similares do Sul recordou, em comunicado, que a empresa tem recusado marcação e gozo das férias referentes a 2020, avançou com um despedimento ilícito e fez várias ameaças a trabalhadores. Um protesto semelhante tinha decorrido no dia 8 de Março.
Com sucessivos atrasos no pagamento de salários, ao longo de 2020, estando em dívida as remunerações de Janeiro e Fevereiro, os trabalhadores do Bingo do Belenenses concentraram-se, dia 19 de Março, de tarde, à porta do estabelecimento, em Lisboa, para exigirem publicamente que o clube de futebol e a empresa Números Combinados assumam as suas responsabilidades.
No dia 5, tinham-se manifestado em frente do Ministério do Trabalho.
As lutas realizadas têm levado ao pagamento de algumas verbas, como sucedeu há duas semanas, com o subsídio de Natal de 2020.
A situação dos cerca de 70 trabalhadores foi levantada no Parlamento pelo PCP, numa pergunta endereçada ao Ministério do Trabalho a 9 de Março, questionando, nomeadamente, se as verbas do lay-off foram ou não entregues ao consórcio que explora o bingo.
Grupo JJW
no Algarve
Um plenário de trabalhadores do Grupo JJW Hotels & Resorts, propriedade de um sheik árabe e que detém vários hotéis e campos de golfe no Algarve, foi marcado para ontem à tarde, pelo Sindicato da Hotelaria do Algarve, com os salários em atraso na ordem de trabalhos.
No dia 17 de Março, manifestaram-se à frente da Entidade Regional de Turismo do Algarve alguns trabalhadores que acompanharam os representantes que foram ali recebidos, a pedido do sindicato. Os cerca de 340 trabalhadores do grupo têm sofrido atrasos no pagamento de remunerações desde há cerca de um ano, estando por regularizar salários desde Dezembro (incompletos) e subsídios de férias e de Natal de 2020.
O sindicato observou, num comunicado após a acção de há duas semanas, que tem havido promessas sucessivas de regularização da situação, por parte da administração, sempre que são decididas acções de luta.