Luta determinada na Eurest contesta despedimentos

Em greve, contra mais um despedimento colectivo da multinacional de alimentação colectiva, os trabalhadores realizaram na passada sexta-feira concentrações no Porto, em Coimbra e em Lisboa.

A Eurest concorre para serviços que não considera rentáveis

Numa resolução aprovada nas três concentrações – organizadas pelos sindicatos da Fesaht/CGTP-IN, frente aos escritórios da Eurest, no Porto, junto da delegação regional do IEFP, em Coimbra, e frente à Assembleia da República – exige-se «a anulação imediata do processo de despedimento colectivo em curso e que a empresa ponha termo ao clima de assédio, intimidação e medo instalado nos locais de trabalho».

No documento, são rebatidos os argumentos da empresa, detida pelo grupo inglês Compass, para o despedimento de 146 trabalhadores anunciado a 8 de Março (marcando a negro o Dia Internacional da Mulher para 141 trabalhadoras incluídas na lista) e também para o que ficou concluído em 23 de Fevereiro, abrangendo 116 pessoas.

«Não há nenhum motivo para a empresa recorrer a despedimentos colectivos» e não tem razão ao alegar a COVID-19, pois «é temporário e circunstancial». Com «um volume de negócios superior a 100 milhões de euros» e «milhões de euros de lucro todos os anos», a Eurest «recebeu apoios do Estado neste período de pandemia».

Tendo por principal actividade «a exploração de contratos de prestação de serviço de refeições», a Eurest «alega ter trabalhadores a mais em algumas unidades, mas isso não é verdade, aliás até tem trabalhadores a menos, face à crise sanitária e às tarefas acrescidas de higienização e desinfecção a que está obrigada».

Argumenta, por outro lado, «não ter postos de trabalho alternativos nas zonas das unidades afectadas com a medida, mas nada mais falso, pois continua a contratar centenas de trabalhadores a termo, através de empresas de trabalho temporário, para o mercado escolar e para outras cantinas e bares».

Para ser coerente com o alegado excesso de trabalhadores numa dada unidade, «basta não concorrer a novas concessões, para os contratos de trabalho se transmitirem para as empresas que ficarem com a concessão».

A Fesaht tinha antes referido o caso das cantinas do IEFP, cuja concessão foi objecto de concurso público no final de 2020. O serviço já era explorado pela Eurest e esta, «se entendia que não era rentável, não concorria»

A Secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, esteve presente na concentração em Lisboa.

Delegações do PCP saudaram a luta dos trabalhadores e reafirmaram solidariedade no combate aos despedimentos, dando nota da acção realizada no Parlamento e nos municípios. Das delegações fizeram parte os membros da Comissão Política do Comité Central Jaime Toga (no Porto) e Vladimiro Vale (em Coimbra), que fizeram breves intervenções.

A 9 de Março, o PCP questionou o Governo sobre este caso e reafirmou a urgência de medidas que travem definitivamente os despedimentos e defendam os postos de trabalho.

Ao anunciar a luta de dia 26, o Sindicato da Hotelaria do Sul considerou que «a lei dos despedimentos colectivos tem de ser revista, urgentemente», sendo que a decisão da Eurest «demonstra que não protege os trabalhadores, nem protege o trabalho qualificado».



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