O caminho da luta

Manuel Rodrigues

Segundo um estudo recentemente divulgado pela CCGP-IN, mais de 80% das trabalhadoras estavam – no segundo trimestre de 2020 – expostas, no local de trabalho, a factores que podem afectar a sua saúde física e 7,8% do total tinham algum problema de saúde causado pelo trabalho.

Os movimentos repetitivos da mão e do braço foram o factor de risco físico mais frequentemente referido pelas mulheres (74% do total), seguindo-se a exposição a actividades que exigem concentração visual intensa (57%), a posições cansativas ou dolorosas (56%), ao ruído (cerca de 30%), ao manuseamento de cargas pesadas (28%), a escorregões, tropeções e quedas (27%), a exposição a produtos químicos, poeiras, vapores, fumos ou gases (26%).

Face ao estudo, a CGTP-IN concluiu que «a intensificação dos ritmos de trabalho e as deficientes condições de trabalho, a par de uma cada vez maior flexibilização e precarização do emprego, estão forte e intrinsecamente ligadas às doenças profissionais, que afectam maioritariamente as mulheres trabalhadoras, com predominância de lesões músculo-esqueléticas». Refere a CGTP-IN que as causas mais comuns estão relacionadas com a «precariedade e a insegurança laboral, as jornadas longas, a carga de trabalho excessiva e o insuficiente número de trabalhadores».

Se a estas causas acrescentarmos os baixos salários auferidos, temos um quadro social altamente penalizador para as mulheres trabalhadoras (e para os trabalhadores em geral) e temos razões acrescidas de mobilização para as lutas a travar contra a exploração capitalista, verdadeira causa do quadro social que este estudo caracteriza.

E, também, acrescidos motivos para a luta das mulheres contra essa exploração e pela igualdade na Lei e na vida. E para o reforço do PCP que nunca deixou de assumir o seu papel determinante na luta pela emancipação da mulher.




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