Jerónimo de Sousa dá força à candidatura dos que «não aceitam as injustiças»
AFIRMAÇÃO Com uma programação própria, que em alguns momentos se cruza com a do candidato, Jerónimo de Sousa contribui para a multiplicação de iniciativas de apoio a João Ferreira – e, com elas, para o esclarecimento e a mobilização.
A candidatura de João Ferreira aponta ao rumo de progresso consagrado na Constituição
As restrições à circulação e ao funcionamento de espaços, impostas por mais um estado de emergência, e as reuniões com o primeiro-ministro, no dia 8, e anteontem com epidemiologistas no Infarmed, levaram o Secretário-geral do PCP a alterar a agenda prevista para os últimos dias. Como o Avante! anunciou na última edição, a presença de Jerónimo de Sousa esteve confirmada para o comício de sábado, em Silves, a sessão pública de Coimbra, na véspera, e várias acções no distrito de Leiria, no dia 12, o que acabou por não acontecer.
Tal não impediu, porém, o Secretário-geral comunista de se integrar de corpo inteiro na campanha da candidatura de João Ferreira a Presidente da República: participou no comício do Porto, no domingo (ver páginas 5 e 6), e numa sessão pública em Aljustrel, na véspera, e a intervenção que deveria proferir em Coimbra foi lida por Vladimiro Vale, da Comissão Política.
Soberania e desenvolvimento
Nesta sessão, o dirigente comunista valorizou a oportunidade de evidenciar a «importância dos problemas que estão subjacentes ao tema que aqui nos traz: as questões que ligam soberania, produção e desenvolvimento». Portugal, acrescentou, «há muito apresenta enormes debilidades do aparelho produtivo nacional, consequência das imposições da União Europeia e de uma política nacional que a elas se subordinou, do domínio da economia pelo capital estrangeiro e consequente transferência e evasão de capitais, da sua crescente financeirização e da falta de investimento público e produtivo». O que, acrescentou, leva a que o País dependa do exterior para satisfazer as suas necessidades básicas e para produzir o que exporta.
Para Jerónimo de Sousa, o apoio a João Ferreira é determinante para que Portugal supere esta situação, já que se trata de uma candidatura que «assume e luta pela utilização das forças produtivas» e pelo seu desenvolvimento, ao mesmo tempo que insiste na «garantia do controlo público, democrático, de empresas e sectores estratégicos, de acordo com o interesse colectivo».
O economista João Rodrigues, mandatário concelhio da candidatura, afirmou estar na Constituição um projecto que «pode ser acalentado também a partir da Presidência da República: a ideia constitucional da coexistência de três regimes de propriedade dos meios de produção (público, privado e cooperativo), no quadro de uma economia mista que pode e deve ser estrategicamente planeada». Ora, acrescentou, isto permite «vislumbrar um processo de reconstrução de um sector público robusto, que controle nacionalmente áreas estratégicas para o desenvolvimento do País».
Isabel Magalhães, engenheira agrónoma, referiu-se ao défice da balança alimentar portuguesa, uma das maiores da Europa, que ronda os quatro mil milhões de euros anuais. Realçou em seguida a gravidade particular do baixo grau de aprovisionamento de produtos como o trigo, o milho e o arroz, «alimentos determinantes para a soberania e segurança alimentar de qualquer país». «Só com a soberania alimentar, assente na agricultura familiar, se poderá alcançar a segurança alimentar», concluiu.
Outra política!
No sábado, em Aljustrel, Jerónimo de Sousa interveio numa sessão pública ao final da manhã. Acompanhado pela mandatária regional de Beja da candidatura de João Ferreira, Domingas Pereira, o Secretário-geral garantiu que o País tem perante si a «inadiável tarefa do crescimento económico, da criação de emprego, da defesa e desenvolvimento da produção nacional». Para a levar de vencida, realçou, é necessária outra política, «ao serviço do povo e do País e não no interesse de meia dúzia de famílias, governantes e dos grupos económicos».
É para este horizonte mais amplo que aponta a candidatura de João Ferreira, que é de «todos os que se empenham na valorização do trabalho e dos trabalhadores, na justa distribuição da riqueza, na defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado, na garantia de coesão territorial, na defesa do ambiente e dos ecossistemas, no combate a todas as discriminações», sublinhou Jerónimo de Sousa.