Gonçalo Oliveira
Membro da Comissão Política

O papel determinante da organização e intervenção junto dos trabalhadores e a luta reivindicativa

O PCP é a vanguarda da classe operária e de todos os trabalhadores.

Um papel que não encaramos como um título, concedido por decreto ou indulgência autoproclamada.

A nossa condição de vanguarda resulta da natureza de classe do PCP, bem como dos seus objectivos supremos que correspondem à missão histórica do proletariado: abolir a sociedade de classes e criar, no seu lugar, uma forma superior de organização social e económica, o socialismo, rumo ao comunismo.

É por isso que o PCP se funde com os trabalhadores, elevando a sua consciência de classe e política, partindo, muitas vezes, da luta em torno de interesses imediatos – como a luta contra o patrão que desregula o horário de trabalho ou não fornece os necessários equipamentos de protecção individual – e combina essa luta, com a luta de classes em torno de interesses a longo prazo, contra toda a classe capitalista e Estado burguês.

Na base da intervenção do Partido nas empresas está a luta reivindicativa em torno de problemas específicos e aspirações de trabalhadores, que podem ter, ou não, a consciência de que a razão da sua vida sofrida está no sistema capitalista, assente na exploração e opressão de quem trabalha.

Daí decorre que a nossa tarefa, enquanto força de vanguarda, consiste em organizar e orientar a luta reivindicativa, de forma a possibilitar a convergência com a mais vasta luta de classes. Nesse âmbito há alguns aspectos centrais a considerar:

Desde logo, o reforço da organização do Partido nas empresas e locais de trabalho.

Estar onde se eleva a consciência

É através de colectivos de camaradas nos locais de trabalho, onde as consequências da exploração capitalista se fazem sentir, de forma clara e inconfundível, que o Partido está em melhores condições de dar resposta aos problemas específicos de cada empresa.

É através da organização nas empresas e do conhecimento que estas têm das condições de vida e de trabalho de quem lá labora, que o Partido está em condições de melhor intervir no esclarecimento dos trabalhadores.

Intervir mostrando que quando se ganha uma batalha e se conquista um novo direito, há que continuar a lutar, há que passar de imediato para a próxima luta.

Desde logo porque se tal não for feito, esses direitos conquistados acabam por ser perdidos.

Mas também porque cada avanço, mesmo que limitado, é uma derrota para o capital, é fonte de ânimo na luta por novas reivindicações e conquistas, cria as condições políticas e sociais para romper com a política de direita, abrindo caminho ao projecto de construção de uma nova sociedade.

É neste contexto que reforçar e rejuvenescer a organização nas empresas assume importância decisiva.

O êxito da campanha nacional do Partido «5 mil contactos com trabalhadores» comprova as potencialidades do recrutamento e integração de novos camaradas no trabalho colectivo.

A partir desta tribuna, ao longo dos Três dias de Congresso, foram mencionados vários exemplos concretos do impacto real que tal campanha teve na organização e luta dos trabalhadores.

Um desses exemplos foi o caso do Complexo Industrial de Sines, onde o recrutamento resultou em avanços no plano organizativo, o que permitiu dinamizar a luta na Petrogal e Martifer e conquistar importantes vitórias, o que por sua vez incentivou lutas noutras empresas do Complexo e acabou por envolver um grande número de trabalhadores com vínculo precário na acção reivindicativa.

A luta continua

Ouvimos também a descrição do contra-ataque do patronato, da forma hábil como se aproveitaram da pandemia, e podíamos pensar que para os trabalhadores despedidos a luta ficou por ali.

Não camaradas, a luta continua. Até porque conhecemos uma importante lição histórica – corroborada pela experiência pessoal de cada comunista – que nos diz que participar na luta organizada dos trabalhadores é uma experiência marcante e transformadora.

Entre os trabalhadores que integraram aquelas lutas, lado a lado com os comunistas, muitos terão a sua consciência de classe e política alterada.

Estarão dispostos a encarar este Partido de maneira diferente, capazes de registar a forma como ele é tratado, por exemplo, nos órgãos de comunicação social.

De ver as insinuações de que o PCP meteu na cabeça uma teoria da conspiração – a ideia peregrina que a comunicação social está ao «serviço da ofensiva anticomunista» – e as entender por aquilo que elas efectivamente são: gato escondido com o rabo de fora.

Serão capazes de tomar a devida nota das ameaças oriundas das torres de marfim do capital e que acabam vertidas nas páginas dos jornais – de forma mais ou menos explícita – dando conta que pretendem fazer tudo o que esteja ao seu alcance para nos prejudicar, o PCP, os trabalhadores e o Povo.

E o que pensarão esses trabalhadores?

Provavelmente algo do género: «deixem-os pousar!»

Reforçar a unidade

Chegar a este ponto da vida política nacional requereu muito esforço e coragem do Partido.

É em momentos como este que o colectivo partidário deve reforçar a sua unidade e mobilização na concretização de objectivos de importância estratégica, tais como a criação de 100 novas células de empresa, de local de trabalho ou de sector, e a responsabilização de 100 novos camaradas por essa área de trabalho, até Março de 2021.

Reforcemos a organização e intervenção do Partido, garantindo presença assídua nas empresas, dando expressão às aspirações dos trabalhadores e dinamizando a luta reivindicativa das organizações de classe dos trabalhadores.

Façamo-lo seguros de que em tal prática está presente a luta pela ruptura com a política de direita e concretização da política alternativa, patriótica e de esquerda.

(subtíulos da responsabilidade da redacção)




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