Venezuela bolivariana

Pedro Guerreiro

É pre­mente a afir­mação da so­li­da­ri­e­dade para com a Re­vo­lução bo­li­va­riana

As elei­ções para a As­sem­bleia Na­ci­onal re­a­li­zadas na Re­pú­blica Bo­li­va­riana da Ve­ne­zuela as­sumem um par­ti­cular sig­ni­fi­cado não só para o povo ve­ne­zu­e­lano, como para os povos da Amé­rica La­tina, re­pre­sen­tando, antes de mais, uma im­por­tante afir­mação de so­be­rania, re­sis­tência e luta da Ve­ne­zuela bo­li­va­riana face à agressão do im­pe­ri­a­lismo.

Efec­ti­va­mente, a re­a­li­zação das elei­ções e o seu re­sul­tado cons­ti­tuem uma der­rota para a cri­mi­nosa es­tra­tégia de in­ge­rência pro­mo­vida pelos EUA – ser­vil­mente se­guida pelos seus se­quazes, sejam do cha­mado Grupo de Lima ou da União Eu­ro­peia –, assim como para a ex­trema-di­reita gol­pista que estes apa­dri­nham na Ve­ne­zuela.

Aliás, é im­pe­riosa a de­núncia do in­qua­li­fi­cável ali­nha­mento da UE e do Go­verno por­tu­guês com Trump e ou­tros sec­tores mais re­ac­ci­o­ná­rios e fas­ci­zantes – como os que, entre ou­tros na Amé­rica La­tina, são re­pre­sen­tados por Bol­so­naro, no Brasil, por Duque, na Colômbia, ou por Guaidó, na Ve­ne­zuela – e a sua brutal po­lí­tica de blo­queio eco­nó­mico e fi­nan­ceiro e de vi­o­lenta de­ses­ta­bi­li­zação gol­pista contra a Ve­ne­zuela e o povo ve­ne­zu­e­lano.

A hi­po­crisia da UE e do Go­verno por­tu­guês é ex­posta, quando cí­nica e fal­sa­mente clamam pelos di­reitos hu­manos e a de­mo­cracia, mas são ac­tivos par­ti­ci­pantes na po­lí­tica de agressão à so­be­rania, à de­mo­cracia, aos mais ele­men­tares di­reitos do povo ve­ne­zu­e­lano, e alentam e apoiam res­pon­sá­veis pela acção ter­ro­rista, gol­pista, anti-de­mo­crá­tica na Ve­ne­zuela – como a ma­ri­o­neta de ser­viço dos EUA que é Juan Guaidó. Hi­po­crisia igual­mente pa­tente no ver­go­nhoso si­lêncio cúm­plice da UE e do Go­verno por­tu­guês pe­rante o golpe de Es­tado na Bo­lívia, que co­locou em causa a le­gí­tima von­tade do povo bo­li­viano ex­pressa em elei­ções.

É si­nistro que a UE e o Go­verno por­tu­guês acenem com uma cha­mada ajuda hu­ma­ni­tária, quando se as­so­ciam ao blo­queio eco­nó­mico e fi­nan­ceiro e ao saque de bens da Ve­ne­zuela le­vado a cabo pelos EUA, que tão dra­má­ticas con­sequên­cias tem im­posto ao povo ve­ne­zu­e­lano, assim como à co­mu­ni­dade por­tu­guesa que vive na­quele país la­tino-ame­ri­cano. Uma ig­nóbil chan­tagem que, para além do mais, «ofe­rece» com uma mão, parte do que rouba com a outra.

A ver­dade é que os EUA nunca acei­taram o pro­cesso bo­li­va­riano que re­tirou da sua al­çada os im­por­tantes re­cursos da Ve­ne­zuela e os uti­lizou para as­se­gurar di­reitos po­lí­ticos, so­ciais, eco­nó­micos e cul­tu­rais nunca antes al­can­çados pelo povo ve­ne­zu­e­lano, abrindo a pers­pec­tiva a pro­jecto so­be­rano, pro­gres­sista e anti-im­pe­ri­a­lista, es­trei­ta­mente vin­cu­lado à li­ber­tação da Amé­rica La­tina e Ca­raíbas da tu­tela e do­mínio norte-ame­ri­cano.

A Re­vo­lução bo­li­va­riana en­frenta ac­tu­al­mente novos de­sa­fios e está co­lo­cada pe­rante enormes exi­gên­cias. Para os vencer – como se ve­ri­ficou ao longo dos úl­timos 22 anos –, con­tinua a ser factor de­ter­mi­nante a cons­ci­ência, a par­ti­ci­pação, a uni­dade do povo ve­ne­zu­e­lano, a partir da con­ver­gência das forças re­vo­lu­ci­o­ná­rias, pro­gres­sistas, pa­trió­ticas e da ali­ança cí­vico-mi­litar, na de­fesa do que foi al­can­çado e na con­quista de novos e mais pro­fundos avanços no pro­cesso ini­ciado com a eleição do Pre­si­dente Hugo Chávez.

Face à con­tínua acção de in­ge­rência e agressão contra a Re­pú­blica Bo­li­va­riana da Ve­ne­zuela, é pre­mente a afir­mação da so­li­da­ri­e­dade para com a Re­vo­lução bo­li­va­riana, em de­fesa da so­be­rania e dos di­reitos do povo ve­ne­zu­e­lano.




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