E, apesar de tudo, ela move-se...
Sem subestimar os reais perigos da COVID-19 para a saúde pública, a verdade é que, ao contrário daquilo que muitos querem fazer crer, expandindo a teoria do medo para limitar a acção política e condicionar a actividade e relações sociais inerentes à natureza humana, a vida continua.
Não estamos condenados à «doença endémica» de empobrecer
A teoria do proibicionismo e a «pandemia do medo», amplamente promovidas pelos centros difusores da ideologia dominante, apenas servem o grande capital, que continua a acumular lucros colossais à custa do trabalho e a distribuir dividendos pelos accionistas. Que se desenganem todos quantos, à custa da COVID-19, procuram afinar e refinar os mecanismos de exploração, despedem, tentam retirar direitos, reduzir salários, desregular horários, condicionar a actividade sindical, afastar os trabalhadores da intervenção social, política e cultural e do lazer, porque os trabalhadores e amplas camadas e sectores antimonopolistas lutam e resistem nas empresas e na rua, não desistem de prosseguir a luta em defesa da vida e por uma vida melhor.
Como um dia me disse m teólogo, «o mundo não se divide entre crentes e não crentes, mas sim entre os que tudo têm e os que nada possuem a não ser a sua força de trabalho».
Não negamos a extensão e gravidade com que irromperam os problemas económicos e sociais associados à epidemia, mas à visão fatalista de alguns para justificar o prosseguimento e aceleração da exploração, os trabalhadores e o povo respondem com a luta por uma vida melhor, pelo trabalho com direitos e salários que garantam uma vida digna a quem sempre trabalhou e trabalha, produzindo a riqueza do País, e não com base no assistencialismo caritativo.
Portugal precisa não de mais declarações de estados de emergência, mas de uma emergência no Estado, que garanta mais e melhores serviços públicos, na saúde, educação e segurança social.
Proteger, mas viver!
Sem prejuízo das medidas de protecção sanitária – na rua, nos locais de lazer e de trabalho –, ao invés de acções de natureza securitária e de apelos sucessivos ao isolamento social como solução «milagrosa» para o combate à epidemia, o Estado, de acordo com a Constituição, deve agir com determinação no sentido do reforço do Serviço Nacional de Saúde e intervir firmemente para proibir despedimentos arbitrários e eliminar a precariedade laboral.
Dizem os «entendidos» comentadores «especialistas« em generalidades e na generalização do medo que a economia não pode parar, esquecendo-se inusitadamente de dizer que economia é trabalho, é produção de riqueza – que alguns (poucos) acumulam à custa da exploração, lançando na pobreza e miséria milhares de portugueses.
Não estamos condenados à «doença endémica» de empobrecer a trabalhar e não seremos cúmplices daqueles que, cavalgando em cima da COVID 19, aprofundam as desigualdades sociais. Neste como noutros combates, os trabalhadores podem sempre contar com o PCP, que não se confinou, nem finou, não desistiu de propor e lutar, como alguns desejariam.
A vida, em todas as suas esferas, não parou. A teoria de Galileu Galilei, negada sob o pesado cargo de morrer em nome da verdade cientifica, foi depois resposta por ele, declarando que «apesar de tudo, ela [a Terra] move-se». Teoria provada e comprovada: o mundo gira, a vida no planeta continua, as pessoas movem-se, trabalham, produzem a riqueza de que o País necessita.
Lutar por uma sociedade mais justa é o caminho e os valores de Abril no futuro de Portugal são a base mais sólida para viver com imensa alegria.