Questão essencial

Manuel Rodrigues

Segundo o INE (dados que resultam do inquérito ao Emprego realizado pelo Instituto Nacional de Estatística para o terceiro trimestre deste ano), foi nas profissões com os salários médios mais baixos que, durante a epidemia, os trabalhadores ficaram mais sujeitos a perder o emprego e a auferir potencialmente salários ainda mais baixos. Cumpre-se assim, para estes trabalhadores, o princípio assumido pela sabedoria popular de que «uma desgraça nunca vem só».

No caso concreto, o que de essencial se pode concluir deste inquérito é que, durante a epidemia, os trabalhadores com baixos salários ficaram ainda mais expostos ao agravamento da exploração, seja pela via do abaixamento dos salários, seja pela própria perda do emprego.

Ora, sendo certo que a principal conclusão a que o inquérito do INE chega é uma verdade bem conhecida dos trabalhadores e das estruturas sindicais que os representam e que verdadeiramente defendem os seus interesses, também melhor se compreende a razão da intervenção do PCP e da luta dos trabalhadores e da sua central sindical de classe, a CGTP-IN, ao proporem e lutarem pelo aumento geral dos salários e do salário mínimo nacional para os 850 euros como reivindicação essencial, como ainda esta semana está a acontecer com a acção e luta em todos os sectores e em todo o País, entre 7 e 11 de Dezembro.

E também melhor se percebe a despudorada reacção das confederações patronais, com o prestimoso auxílio da UGT, sempre que se reivindica o aumento dos salários e, em particular, do salário mínimo nacional.

Mas, como a vida o demonstra (e este inquérito o confirma), a luta pelo aumento dos salários é questão essencial.




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