A (outra) segunda vaga
É difícil conter a revolta perante a mais recente vaga da campanha de ódio fascizante que se abateu sobre o Partido a propósito da realização do seu XXI Congresso. Poder-se-ia dizer que quem enfrentou idêntica campanha em torno da Festa do Avante!, aguentaria mais esta, qual corpo dorido que, depois tanta pancada levar, se vai esquecendo da dor. Mas não é, nem pode ser assim!
Observe-se a profunda articulação entre os diferentes órgãos de comunicação social e a agenda fixada por PSD, CDS e seus sucedâneos mais reaccionários. A sucessão de notícias que vai sendo «fabricada» ajuda a construir a «polémica» sobre a qual todos se têm de pronunciar: comentadores, jornalistas, constitucionalistas, e tudo e tudo. O PCP deixa de ter «assunto», tal como aconteceu com a Festa durante meses, que não seja a sua própria «teimosia» na realização do Congresso. A manipulação vai sendo construída projectando a ideia de um suposto privilégio dos comunistas face a todos os outros, criando a tal «percepção» a partir da qual o Presidente da República decide agora interpretar a realidade e a Lei.
Não questionam, e até reconhecem, a capacidade do Partido para organizar o seu congresso no mais estrito cumprimento das medidas de segurança sanitária. Não questionam, e até reconhecem, a legitimidade democrática e constitucional da sua realização, tanto mais que é a própria Lei que enquandra o Estado de Emergência que proíbe a proibição da actividade política. Mas tudo isso é secundarizado e ignorado perante o objectivo central de atacar o PCP.
Ora tudo isto é demasiado perigoso e comporta riscos imensos para a liberdade e a democracia. Revela o caminho anti-democrático para onde a ofensiva reaccionária quer empurrar o País e o enorme obstáculo que o PCP representa na concretização desse objectivo. É também por isso que a realização do XXI Congresso do PCP, num momento tão difícil para os trabalhadores e o Povo, é tão importante. Para os comunistas, seguramente. Mas é sobretudo importante para os direitos dos trabalhadores e o Povo português que alguns gostariam de confinar para sempre.