Frente Comum admite intensificar a luta

ACÇÃO Deixar sem resposta, no Orçamento do Estado, as reivindicações dos trabalhadores da Administração Pública «servirá de incentivo à intensificação da luta», como foi garantido dia 13, junto à AR.

Às palmas do Governo não têm correspondido medidas de valorização

O alerta ficou inscrito na resolução aprovada e aclamada no final da acção nacional «Frente Comum em luta», que decorreu durante a tarde da passada sexta-feira, em Lisboa: «A presente proposta de Orçamento do Estado para 2021, a não acolher as reivindicações dos trabalhadores da Administração Pública, defraudará as suas expectativas, porá em causa quer os seus direitos, quer os direitos das populações a serviços públicos de qualidade para todos e servirá de incentivo à intensificação da luta até que lhes sejam dadas respostas».

Esta determinação de prosseguir o combate ficara patente nos vários momentos desta jornada, que começou cerca das 15 horas, no Marquês de Pombal, e incluiu uma paragem frente ao Ministério da Modernização do Estado e da Administração.

Vindos dos diferentes distritos, organizados por sectores e sindicatos, desfilaram em direcção ao Palácio de São Bento trabalhadores da Administração Local e Central, das indústrias de defesa, enfermeiros, professores. Alinhados em filas e com alguns passos de intervalo entre si, transportaram bandeiras e faixas e gritaram palavras de ordem, a mostrarem as razões de ali estarem, tais como: «Aumento salarial é fundamental», «Fim ao congelamento, 90 euros de aumento», «Para o Estado melhor servir é preciso investir», Emprego sim, precariedade não», «Mais um ano sem aumento é perda de rendimento», «É preciso e urgente uma política diferente», «A luta continua nos serviços e na rua».

Pouco antes das 16 horas estava preenchido o espaço junto à escadaria.

Uma delegação do PCP, incluindo o Secretário-geral, Jerónimo de Sousa, e João Dias Coelho, da Comissão Política do Comité Central, Paula Santos, do CC e deputada na AR, Miguel Madeira, do CC, e Sandra Pereira, deputada no PE, compareceu junto da tribuna e saudou o coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana, e outros dirigentes sindicais.

Aos jornalistas, numa breve declaração, Jerónimo de Sousa, expressando solidariedade, valorizou o facto de os trabalhadores da Administração Pública estarem a exercer «o direito de manifestação e protesto, tendo em conta a situação em que vivem, num sector que há cerca de dez anos não conhece qualquer aumento salarial» e quando «o direito fundamental de negociação é reconhecido pela Constituição aos sindicatos e neste momento não está a ser exercitado pelo Governo».

Não é tarde

A encerrar as intervenções de dirigentes sindicais, Sebastião Santana sublinhou, como razão para este protesto, que «estamos fartos de negociações que não são, de congelamentos salariais, de sermos poucos, de querer servir melhor as populações e não termos meios, estamos fartos de palmas», pois estas «não chegam para agradecer a dedicação dos trabalhadores da Administração Pública na Saúde, na Escola Pública, na Segurança Social, nas forças de segurança, nas autarquias locais, nas Finanças e em muitos outros serviços».

Na proposta de OE 2021, «o Governo optou por não apresentar uma caminho alternativo», mas o coordenador da Frente Comum realçou que «não é tarde para contar o tempo de serviço, para corrigir a Tabela Remuneratória Única, para repor os 25 dias de férias, para repor o vínculo de nomeação, para contratar trabalhadores em número suficiente para todos os serviços, para acabar com a precariedade, não é tarde para abandonar as políticas de direita, para valorizar o trabalho e os trabalhadores».

A discussão na especialidade, observou o dirigente, «vai clarificar a posição do Governo em relação às propostas que valorizam os trabalhadores e a própria Administração Pública» e, «não sendo o OE o único instrumento para alterar políticas, será revelador das intenções».

A Secretária-geral da CGTP-IN, primeira oradora, destacou que «a luta justa e necessária dos trabalhadores da Administração Pública é a luta de todos os trabalhadores portugueses, por serviços públicos de qualidade». «A vossa luta pelo aumento geral dos salários, pela valorização das carreiras, pelos meios para poderem prestar serviços tão necessários, é muito importante para todos os trabalhadores», enfatizou Isabel Camarinha.

Usaram ainda da palavra José Carlos Martins, coordenador do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, José Correia, presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local, e Mário Nogueira, Secretário-geral da Federação Nacional dos Professores.

 



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