Chilenos homenageiam Salvador Allende e mobilizam-se para referendo de Outubro
Em Santiago do Chile, o monumento a Salvador Allende, em frente ao palácio de la Moneda, cobriu-se de flores no dia 11, numa homenagem ao presidente caído há 47 anos num golpe de Estado contra o governo da Unidade Popular por si liderado.
Apesar das limitações na participação, por causa da pandemia de COVID-19, representantes dos partidos Socialista, Comunista e Pela Democracia e da Frente Ampla, entre outras forças, assim como da Central Unitária de Trabalhadores (CUT), marcaram presença na homenagem.
Foram depositadas flores junto do monumento e na entrada de La Moneda utilizada pelo presidente para aceder ao seu gabinete no palácio ao longo dos 1000 dias de governo, derrubado a 11 de Setembro de 1973 por um golpe de Estado fascista liderado por Augusto Pinochet, com o apoio da CIA.
Todos os oradores sublinharam que este aniversário do golpe fascista é o primeiro depois do vasto movimento de protesto iniciado a 18 de Outubro de 2019 e a pouco mais de um mês da realização do referendo em que se dá por garantido o triunfo do Sim a uma nova Constituição. Nesse movimento, milhares de pessoas tomaram conta das ruas exigindo uma sociedade melhor, tal como defendia o governo da Unidade Popular.
O referendo de 25 de Outubro permitirá que o povo do Chile possa decidir o seu futuro mediante a soberania popular, um princípio estranho à actual lei fundamental, imposta pela ditadura de Pinochet em 1980. Nesse sentido, a presidente da CUT, Bárbara Figueiroa, realçou que não se trata só de votar por uma nova Constituição mas conseguir que essa futura carta magna acolha os fundamentos para a construção de um Chile novo, com igualdade de oportunidades e direitos para todos os cidadãos.
No referendo, quase 15 milhões de eleitores vão votar se querem uma nova Constituição para o Chile ou manter a actual. No caso de ganhar a primeira opção, os eleitores devem decidir se desejam uma Convenção Constituinte, com todos os membros eleitos pela população, ou uma Convenção Mista formada em partes iguais por actuais legisladores e por novos eleitos.