FAO alerta que pandemia pode empurrar para a fome mais 130 milhões de pessoas
Lusa
Neste ano de 2020, a COVID-19 pode empurrar para a fome crónica mais 130 milhões de pessoas, alertou Qu Dongyu, director-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Num comunicado divulgado no dia 11, em Roma, a sede da agência, o responsável advertiu sobre as consequências da pandemia na produção de alimentos saudáveis e apelou a uma cooperação internacional «sólida e estratégica» para evitar o que poderia ser a pior crise alimentar da História moderna. Segundo um relatório da FAO de 2019, 690 milhões de pessoas, ou seja, quase uma de cada 10 pessoas no mundo, sofrem de fome e a eles se podem somar outros 130 milhões devido à crise derivada da COVID-19.
Em consequência da actual pandemia e das medidas de contenção adoptadas, existem perturbações nas cadeias mundiais de abastecimento alimentar, escassez de mão-de-obra e perdas de colheitas, afirma o dirigente da FAO. Além disso, assinala que a situação epidemiológica internacional põe em risco à volta de 4.500 milhões de pessoas, na sua maioria mulheres, cujos empregos e meios de vida dependem dos sistemas alimentares.
De acordo com Qu Dongyu, as Nações Unidas apoiam os países e os agricultores para encontrar soluções com o objectivo de garantir a todos uma alimentação nutritiva e, nesse sentido, implementa um programa de resposta e recuperação.
Como parte dessa iniciativa, a FAO pôs em marcha uma base de dados com informação em tempo real sobre os preços dos alimentos e vai desenvolver também uma plataforma destinada a proporcionar a tempo alertas mundiais sobre possíveis zonas a serem afectadas por condições meteorológicas adversas.
Além disso, a organização coordena acções para prever, controlar e evitar novas ameaças zoonóticas e pretende facilitar e aumentar o comércio agrícola e alimentar internacional, com especial atenção ao comércio inter-regional.
A FAO adverte ainda que a resolução da crise alimentar não poderá esperar pelo fim da pandemia, pelo que convoca os países a actuar unidos para ajudar os mais vulneráveis, prevenir novas situações tão complexas, aumentar a resiliência face às perturbações e acelerar a reconstrução dos sistemas alimentares.