Lusa

É objectivo comum dos Estados Unidos e da oposição local torpedear as eleições gerais de Novembro de 2021 na Nicarágua, assegura William Grigsby, director e comentador político de uma rádio de Manágua.

Os EUA querem tomar o poder pela força na Nicarágua através de grupos oposicionistas locais, embora tenham lugar as anunciadas reformas eleitorais internas naquele país da América Central governado pela Frente Sandinista. O objectivo é torpedear ao máximo possível as eleições do próximo ano, prevê o jornalista, citado pelo boletim digital Informe Pastrán.

Grigsby considera que o processo acelerou depois do seu órgão de informação, a rádio La Primerísima, revelar no princípio de Agosto documentos que confirmam a existência de um plano subversivo por parte da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

O referido plano contempla a contratação de uma empresa para criar instabilidade na Nicarágua, face à previsível derrota eleitoral da oposição nas urnas, nas eleições marcadas para 7 de Novembro de 2021.

Segundo Grigsby, citado pela Prensa Latina, as intrigas quotidianas no pequeno mundo oposicionista nicaraguense centram-se no uso e destino das verbas disponibilizadas pela USAID, quem fica com a maior parte do dinheiro.

Nesse contexto, realizou-se em meados deste mês um encontro, convocado de urgência, entre um alto funcionário norte-americano, o subsecretário de Estado interino dos Assuntos do Hemisfério Ocidental, Michael Kozak, e representantes de três dos sete grupos que integram a chamada Coligação Nacional, da oposição.

Num reconhecimento explícito de que os EUA dirigem e financiam a oposição na Nicarágua e que os oposicionistas dependem directamente das orientações de Washington, os interlocutores de Kozac não tardarão em demonstrar o seu agradecimento – prevê Grigsby.

Os milhões da USAID

Mais recentemente, foi revelado em Manágua que a USAID entregou quase 3,7 milhões de dólares a uma ONG (organização não-governamental) que promove a desestabilização na Nicarágua.

A rádio La Primerísima informou, no seu sítio web, que o financiamento à Fundação Nicaraguense para o Desenvolvimento Económico e Social (Funides) teve lugar no período que decorreu entre 2011 e 2018.

A Funides desempenha um papel destacado nas tarefas de desestabilizar, através de diferentes programas e grupos que os põem em prática, o governo liderado pela Frente Sandinista.

A referida ONG é um dos instrumentos da Agência Central de Inteligência (CIA), da qual a USAID é um braço executor na Nicarágua, para assegurar a «segurança nacional» dos EUA, que se vê ameaçada cada vez que um país decide libertar-se das suas grilhetas, comentou a estação radiofónica de Manágua.

Embora os milhões de dólares entregues pela USAID à Funides apareçam como financiamento de diversos programas, o certo é que o objectivo único é conspirar contra o governo nicaraguense, assevera La Primerísima.

A rádio menciona também, como fontes dessas verbas avultadas entregues a grupos implicados na tentativa de golpe de Estado de há dois anos na Nicarágua, outras organizações norte-americanas como a Fundação Nacional para a Democracia (NED), o Instituto Republicano Internacional (IRI), o Instituto Nacional Democrata (NDI) e a Open Society Foundations.