Malianos manifestam-se exigindo demissão do presidente Ibraim Keita

Milhares de pessoas voltaram às ruas e exigiram, na terça-feira, 11, em Bamako, sob chuva, a renúncia do presidente da República, Ibraim Boubacar Keita, apesar dos esforços de mediadores internacionais para resolver através do diálogo político a crise no país – informa a Prensa Latina a partir da capital maliana.

Os protestos, liderados pelo Movimento 5 de Julho (M5-RFP), que agrupa diversas facções da oposição, começaram há dois meses após as eleições legislativas, cujos resultados foram contestados, num contexto em que aumentou a violência jihadista no Norte e no centro do Mali e se agravou a crise económica e social que atinge largos sectores da população.

A coligação oposicionista acusa de incompetência o governo de Ibraim Keita, exigindo a demissão do presidente, solução até agora rejeitada pelos dirigentes dos países da sub-região, membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (Cedeao).

Uma cimeira extraordinária da organização aprovou um plano para solucionar a crise maliana, mas a oposição rejeitou as propostas e, após esse falhanço da mediação, as manifestações de rua foram retomadas.

As tensões aumentaram em Julho, quando pelo menos 11 manifestantes foram mortos em confrontos com a polícia.

Aos dirigentes dos países da sub-região africana preocupa que as manifestações no Mali afectem a luta contra os grupos jihadistas que actuam no Norte e centro do país e cuja acção torna ingovernáveis extensas áreas, apesar da presença de tropas francesas integrantes da Operação Barkhane e da missão das Nações Unidas.

Embora o presidente maliano tenha apelado ao diálogo político com a oposição, a maioria dos participantes da manifestação desta semana parece não ter mudado de posição e foi de novo exigida, na Praça da Independência, em Bamako, a demissão de Ibraim Boubacar Keita.

Estado de emergência
nos arredores de Niamey

Vizinho do Mali, o Níger impôs o estado de emergência numa região próxima da capital, Niamey, e fechou o acesso a uma reserva natural onde foram assassinados seis trabalhadores humanitários franceses e dois nigerinos.

Estas medidas de excepção, anunciadas na terça-feira, 11, seguem-se ao ataque perpetrado no domingo por homens armados contra o grupo de pessoas que viajavam na área, um lugar popular a Sudeste de Niamey, na zona de Tillabery.

Num primeiro momento, o estado de emergência foi imposto só em partes dessa região, próxima da fronteira com o Mali e o Burkina Faso. Segundo a imprensa nigerina, um grupo armado terrorista ligado ao autodenominado «Estado Islâmico» atacou já em diversas ocasiões alvos ali localizados. Num desses ataques, em 2017, morreram quatro militares norte-americanos.

Agora, depois do assassinato dos trabalhadores humanitários franceses, tropas nigerinas, apoiadas por aviões e helicópteros franceses – que operam na região do Sahel – levam a cabo buscas dos atacantes, tendo o governo estendido o estado de emergência a toda a zona de Tillabery.

A França tem mais de cinco mil efectivos militares destacados em países do Sahel, mas observadores em Niamey realçam que a violência jihadista continua a aumentar.




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