Luta a crescer na grande distribuição

RESISTIR No Pingo Doce, Lidl e Dia, os trabalhadores lutam por salários e direitos, enfrentando as intenções do patronato da grande distribuição, que aumentam lucros à custa do agravamento da exploração.

Os trabalhadores da grande distribuição reclamam os seus direitos

O referendo para a implementação de um banco de horas grupal no Pingo Doce é «um logro», garante o CESP, que realizou acções junto a diversas lojas da cadeia de supermercados em vários pontos do País no dia 15, véspera do primeiro dia de «votações», que se prolongam até ao início de Agosto. A Secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, esteve presente na concentração da cidade de Lisboa, em Alcântara.

O sindicato considera que todo o processo para referendar o banco de horas grupal no Pingo Doce – lojas, cozinhas centrais e fábrica de massa fresca e nos armazéns de distribuição da Jerónimo Martins – «não é transparente, deve ser anulado e as autoridades competentes, nomeadamente a ACT e o Ministério do Trabalho, têm de intervir para a reposição da legalidade».

Entre as muitas dúvidas levantadas pelo CESP, algumas são particularmente reveladoras das intenções e métodos por detrás deste referendo. Desde logo, o Pingo Doce ameaça os trabalhadores que votarem Não de que não mais receberão prémio. «Como sabe o Pingo Doce que os trabalhadores votaram Não?», questiona o CESP. O facto de os trabalhadores terem de usar os seus dados pessoais para entrar na plataforma e votar é outra das questões suscitadas.

De temporário a definitivo?
Já no entreposto do Lidl no Porto Alto, os trabalhadores estiveram em greve na segunda-feira, 20, em protesto contra a passagem a definitiva de uma alteração contratual que lhes foi prometido que seria temporária e os prejudica em mais de 150 euros por mês.

Tudo começou em Maio, quando o Lidl «pediu» aos trabalhadores do seu entreposto de produtos não alimentares que reduzissem a carga horária, temporariamente, de 40 para 32 horas semanais, com a consequente redução salarial. Apesar das dificuldades que a situação lhes acarretaria, e face a pressões e ameaças, a generalidade dos trabalhadores acabou por aceitar. Afinal, perceberam mais tarde, a redução da carga horária é definitiva.

Ao tomar conhecimento do caso, o CESP tentou reunir com a empresa para resolver a questão, mas esta mostrou-se indisponível para receber o sindicato. Os trabalhadores não aceitam esta decisão unilateral da administração do Lidl e «estão em luta pela reposição imediata da sua carga horária semanal» e respectiva retribuição.

Abusos no Dia
Num comunicado distribuído aos trabalhadores da cadeia Dia Portugal, o CESP denuncia o contraste existente entre os resultados alcançados pela empresa no primeiro trimestre deste ano, que registaram um aumento de nove por cento, e a manifesta falta de reconhecimento pelos trabalhadores que «diariamente colocam em risco as suas vidas e das suas famílias». O aumento salarial aplicado é «discriminatório, baseado num sistema de avaliações comprovadamente injusto e manipulável», e ronda os 0,7 por cento. «É esta a recompensa, mais uma vez, a quem cria fortunas, a quem é “indispensável” num dia e apenas um número no outro», acusa o sindicato.

O CESP afirma ser tempo de «valorizar o trabalho e os trabalhadores da Dia Portugal e de todo o sector da grande distribuição», de aumentar salários a todos os trabalhadores, bem como o subsídio de refeição, de implementar horários que «permitam a conciliação da vida pessoal com a vida profissional» e de respeitar os representantes dos trabalhadores e iniciar verdadeiros processos negociais. O sindicato apela ainda aos operadores de supermercado do grupo Dia para que se recusem a efectuar a limpeza das lojas, como pretende a administração. Essa função, garante o CESP, «não faz parte do descritivo profissional» destes trabalhadores.

 



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