EUA reforçam presença militar na Colômbia

A chegada à Colômbia, na segunda-feira, 1, de cerca de 800 soldados dos Estados Unidos da América, para supostamente assessorar acções «contra o narcotráfico», está a gerar enorme rejeição naquele país latino-americano.

Os soldados dos EUA serão enviados durante quatro meses para diversas regiões da Colômbia, incluindo zonas fronteiriças com a Venezuela – o que constituirá uma nova ameaça e provocação contra este país.

A permanência da brigada militar dos EUA não foi avalizada pelo Congresso da Colômbia e os colombianos souberam da sua chegada através de um comunicado da embaixada de Washington em Bogotá.

O Partido Comunista da Colombia afirma que «não se trata de uma ajuda humanitária desinteressada. À Administração Trump pouco importam as centenas de dirigentes sociais e ex-combatentes assassinados pelo militarismo de Estado, mas sim impor à Colombia um novo capítulo da fracassada guerra às drogas como pretexto para incrementar a sua presença inconstitucional no território nacional». E acrescenta: «O povo colombiano reclamará nas ruas, em mobilizações unitárias, soluções sociais para a fome, os despedimentos, o desemprego, a saúde e também o respeito pela vida, pela paz e um ponto final no desgoverno que trai a soberania nacional».
A senadora Victoria Sandino, da Força Revolucionária Alternativa do Comum (FARC), manifestou o seu protesto contra o governo da Colômbia, por não ter levado ao Senado a questão desta «cooperação» com os EUA. «Aonde chegam há violação dos direitos humanos. Por isso, não às tropas gringas», escreveu.

O também congressista Omar Restrepo, considerado a voz dos camponeses no Congresso, afirmou que a presença militar norte-americana em zonas onde se deveria estar a implementar o acordo com a ex-guerrilha é um atentado contra a paz e ameaça vitimizar de novo comunidades que historicamente foram afectadas pelo conflito armado na Colômbia.

De igual modo, o líder da Força Revolucionária Alternativa do Comum, Rodrigo Londoño, enfatizou que o acordo de paz assinado em Havana não precisa do exército dos EUA em solo colombiano.

O partido FARC sublinhou que «o império decadente, o que tem o seu povo às portas da Casa Branca, quer provocar uma guerra na Colômbia e na Venezuela». E apelou:«Não permitamos que o nosso sangue se derrame para que eles levem a riqueza e fiquem com a nossa terra».

Também o senador Iván Cepeda, do Pólo Democrático Alternativo, afirmou que para combater o narcotráfico não são precisas tropas invasoras vindas dos EUA. Impõe-se, sim, em sua opinião, que «políticos de extrema-direita não mantenham ou tenham tido vínculos com clãs mafiosos».

Em Buenos Aires, o Grupo de Puebla, aliança progressista formada por 41 líderes e ex-presidentes de 13 países, divulgou um comunicado rejeitando a presença da brigada do exército norte-americano em território da Colômbia.




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