Barrigas de aluguer

«Há 100 bebés nascidos de barrigas de aluguer retidos na Ucrânia à espera dos pais», titularam vários órgãos de comunicação social na semana passada, acrescentando que se o confinamento for prolongado esse número pode atingir brevemente mil bebés. Ficamos igualmente a saber que cada criança tem um custo médio de cerca 28 mil euros nestas «clínicas» ucranianas, com muita procura pelos baixos preços praticados.

Como uma mercadoria qualquer à espera de autorização alfandegária, a curta história de vida destes bebés é um libelo acusatório contra um negócio milionário só possível num sistema, o capitalismo, onde tudo é passível de ser comprado e vendido. O supremo interesse da criança, o direito a ser amada, desejada, especialmente protegida e defendida, são pequenos danos colaterais para quem lucra milhões com o negócio.

Recomenda-se que se guarde cópia destas notícias bem à mão. Da próxima vez que no nosso país se incluírem as chamadas «barrigas de aluguer» na lista dos chamados temas fracturantes e se colar o rótulo de conservador e retrógrado a quem as combate e denuncia o negócio, podemos fornecer a cópia como auxiliar de memória.

Para quem pense que isto se passa lá longe, lembre-se que uma investigação do jornal Público de há dois anos mostrou que quase metade dos centros de reprodução assistida autorizados em Portugal reconheceram ter sido contactados por empresas internacionais de intermediação entre mulheres dispostas a serem «barrigas de aluguer» e eventuais interessados.

A epidemia de COVID 19 expôs de forma brutal a natureza exploradora, opressora, predadora e agressiva do capitalismo e o seu carácter profundamente desumano, como assinalou o Comité Central do Partido recentemente. Esta é uma das suas mais abjectas expressões.



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