Informação em lay-off?

Nas últimas duas semanas ouvimos mais na comunicação social sobre a Festa do Avante! do que em todo o último ano. Parece exagero, até porque, como se sabe, a Festa é em Setembro, não em Maio. Mas é um facto. Entre os noticiários de rádios e televisões de dia 7 e os jornais de dia 8, a Festa esteve em todo o lado. Até as imagens de massas no comício da Festa, que noutras alturas nunca chegaram a antena, saíram das prateleiras dos arquivos televisivos.

Hoje, não há quem não saiba o porquê desta agitação mediática: depois do 25 de Abril e do 1.º de Maio, os comunistas insistem na sua loucura e não correm a anunciar o cancelamento da Festa do Avante!. Por estes dias houve quem escrevesse que o Governo «proibiu os concertos da Festa» (jornal i, dia 8). Houve quem fizesse uma peça em que dá voz a vários promotores de festivais que diziam já esperar a decisão, contrapondo com a «obstinação» do PCP em realizar a Festa, acrescentando que o Partido deveria votar contra a proposta no Parlamento (SIC, dia 7). O voto, ao contrário do que adivinhava a SIC, foi abstenção (tal como todos os grupos parlamentares à excepção do PS). Uns dias depois, no jornal que edita semanalmente na TVI, Miguel Sousa Tavares dizia que «o primeiro-ministro que proibiu festas e romarias populares abre excepção para a Festa do Avante!» (dia 11). E durante todo este tempo, as colunas de opinião do Observador estiveram abertas a tudo o que servisse para atacar a Festa e o PCP, variando entre o ódio e o insulto.

Nestes exemplos temos o jornal i a dizer uma coisa que viria a desmentir apenas três dias depois (faria título, a 11 de Maio, «Festa do Avante! não está proibida»); temos a SIC a tentar adivinhar (e falhar) o sentido de voto do PCP; e temos a TVI a inventar uma nova proibição, de festas e romarias populares. Diga-se que isto tudo admira pouco a quem tem visto ser repetido nos últimos dois meses disparates como o confinamento obrigatório para maiores de 60 anos (como aqui registámos há duas semanas a propósito do 1.º de Maio da CGTP-IN) ou as múltiplas versões em torno da interdição das praias e da proibição de apanhar sol. Nestes tempos, o disparate tem sido uma arma mediática habilmente manejada para incutir medo e abrir caminho à promoção de projectos de uma sociedade em que a dimensão colectiva da vida só é permitida na medida em que é necessária à produção de riqueza – para ser apropriada por uns quantos.

Clamaram «exagero» no 25 de Abril e «irresponsabilidade» no 1.º de Maio. Depois de tanta polémica, um trabalho jornalístico interessante seria procurar o número de infectados em ambas as iniciativas. Mais uma vez, o problema não era sanitário: o período de incubação passou e o surto de contágios no 1.º de Maio nem vê-lo.

Agora, depois de Abril, de Maio e de Setembro, preparemo-nos para Junho. A tinta já começou a correr sobre o comício de 7 de Junho – o JN até se questionava se não seria uma provocação, face à polémica criada (por alguma comunicação social) em torno da Festa. Não é provocação, é acção: também pelos trabalhadores com direitos e salários sob ataque – como aqueles do grupo que detém o JN, a quem foi imposto lay-off.




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