Preocupação e exigência na indústria da alimentação

Os recentes casos de contágio colectivo por COVID-19 em empresas da indústria de alimentação – como a Avipronto, na Azambuja, a Sohi Meat, em Santarém – são «a ponta de um grande icebergue», afirmou o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias da Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal.
Num comunicado aos trabalhadores, emitido esta segunda-feira, dia 11, o Sintab alertou que «somada a irresponsabilidade dos empregadores à falta de recursos e meios financeiros dos trabalhadores, se prevê apenas um preocupante crescimento das situações de contágio colectivo, por desvalorização directa das questões de Segurança e Saúde no Trabalho».
Na maioria das fábricas, «apesar dos elaboradíssimos planos excepcionais de contingência, orgulhosamente apresentados pelas empresas», na prática viu-se que, perante necessidades acrescidas de produção, «muitos dos trabalhadores têm visto a sua segurança ser posta em risco, devido à falta de compromisso que as estruturas de gestão, habitualmente, têm com o cumprimento das regras de segurança».
Por outro lado, «a pretexto da crise, empresas de massas, como a Cerealis, ou conserveiras, como A Poveira, Ramirez e ESIP, têm recusado que o crescimento exponencial dos lucros tenha reflexo quantitativo nos salários dos seus trabalhadores, mantendo, na sua maioria, o recurso ao salário mínimo nacional como regra intocável».
O sindicato da Fesaht/CGTP-IN considera que «importa exercer o aumento do esforço para a potenciação e convergência da capacidade reivindicativa dos trabalhadores, em prol de uma ainda maior insistência na luta pela melhoria de salários e direitos». A par da «aplicação imediata das medidas de protecção da saúde dos trabalhadores», o Sintab reclama «respostas concretas aos cadernos reivindicativos já apresentados» em várias empresas.

Restauração
e bebidas

Os trabalhadores das empresas de restauração e bebidas «terão um papel central» para que sejam«cumpridas na íntegra» as orientações da Direcção-Geral da Saúde, publicadas no dia 8, relativamente à retomada da actividade em restaurantes, cafés, pastelarias e similares.
Antes deste sublinhado, a Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal criticou o facto de a DGS não ter antes ouvido as estruturas sindicais do sector.
Num comunicado de dia 11, a Fesaht/CGTP-IN reclamou a implementação da medicina no trabalho em todas as empresas e formação, antes da abertura. A federação defende a legalização da situação laboral, lembrando que uma parte significativa de muitos dos salários não é declarada, o que prejudicou muitos trabalhadores em lay-off.
Mantém-se a exigência de actualização dos salários «de forma digna» e a Fesaht pretende que o patronato seja obrigado a pagar os salários que negou e a reintegrar os trabalhadores despedidos.

 



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