A última palavra é dos povos

Manuel Rodrigues

Que o presidente dos EUA é uma figura arrogante, boçal e perigosa já todos o sabíamos tantos e tais têm sido os deploráveis projectos que protagoniza e as posições que assume sobre as mais diversas matérias.

Já não nos bastava o desconcertante humor negro com a injecção de detergentes para combater a COVID-19, veio agora Trump negar que os Estados Unidos estejam por trás de uma operação abortada na Venezuela que levou à detenção de dois norte-americanos.

«Se quiser ir à Venezuela não farei disso um segredo», afirmou sexta-feira à noite numa entrevista à cadeia de televisão Fox News.

Referia-se Trump às cerca de duas dezenas de pessoas, entre elas dois cidadãos norte-americanos, detidas domingo, dia 2, pelas autoridades venezuelanas, quando se preparavam para actos de agressão e sabotagem à pátria de Bolívar, tentando organizar, como referiu Nicolás Maduro, «uma tentativa de invasão pelo mar» que deveria, depois, ser seguida por um «golpe de Estado», liderado pelo fantoche Juan Guaidó.

«Entrarei – afirmou, o arrogante imperador – e eles nada poderão fazer. Serão esmagados. Não enviarei um pequeno grupo. Não. Não. Não. Usarei um exército e a isso chama-se uma invasão».

Todos sabemos que ameaças deste tipo e vindas de quem vêm são sempre para levar a sério, tantos têm sido os golpes, sabotagens, bloqueios, ingerências, invasões, guerras e rapina organizados e executados pelos EUA.

Mas nem sempre os cálculos do imperialismo bateram certo com a arrogância exibida como aconteceu em Cuba, Vietname e Coreia, onde sofreram derrotas humilhantes.

A acção dos EUA é sem dúvida ameaçadora e perigosa. Mas, por mais boçais, arrogantes e perigosos que sejam os presidentes (republicanos ou democratas) que o imperialismo coloque de serviço, pela sua luta, os povos terão sempre a última palavra a dizer.



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