Surto epidémico não pode ser pretexto para o patronato impor a «lei da selva»
TRABALHADORES As organizações do PCP acompanham e denunciam a proliferação de situações em que o patronato aproveita o surto epidémico para despedir e suprimir direitos.
O Partido criou um endereço de correio electrónico, [email protected], e tem apelado a que os trabalhadores façam chegar a informação sobre atropelos e violências contra os seu direitos, sendo hoje evidente que os grandes grupos económicos e sectores do patronato estão a aproveitar a pandemia do novo coronavírus para aumentar a exploração e garantir os seus lucros, procurando, além do mais, assegurar que passada a crise os trabalhadores se confrontam com piores condições e um contexto laboral de retrocesso.
«Os direitos não estão de quarentena», alertou a Direcção da Organização Regional de Aveiro do PCP, que sublinhando serem inúmeros os relatos de pressões, chantagens e abusos, faz um apanhado impressivo do que está a suceder. Na MacDonalds e Pingo Doce de Aveiro, «os trabalhadores são forçados a escolher entre licença sem vencimento, gozo de férias ou ficar a "dever" horas»; nos CTT falta equipamento de protecção individual; na Inclycles, em Águeda, os trabalhadores contratados via empresa de trabalho temporário estão a ser dispensados; na Fucoli-Somepal, na Mealhada, e na Simoldes-Plásticos, em Oliveira de Azeméis, os trabalhadores estão a ser forçados ao gozo de férias e a aderirem ao banco de horas. O mesmo está a suceder na Faurécia-Metal, em S. João da Madeira, Renault, em Cacia, Vista Alegre, Benetton e nas lojas da Tiffosi.
Na Bosh-Vulcano, semelhante intenção foi já anunciada, ao passo que na Comforsyst, em S. João da Madeira, aos trabalhadores foi comunicado que irão uma semana de férias e, depois, a fábrica entra em lay-off, recurso que vai ser usado igualmente pela Auto-viação Feirense.
Na Giovanni Galli, Cortefiel, Fnac e no Casino de Espinho, a actividade foi encerrada e os trabalhadores não dispõem de qualquer informação.
Nos distritos de Coimbra e Viseu, o Sector Empresas do Partido denuncia que no Grupo Aquinos, com unidades produtivas de sofás e colchões em Tábua, Carregal do Sal e Nelas, o patronato está a pressionar a marcação de férias, e no distrito da Guarda a Direcção da Organização Regional do PCP adverte para o recurso arbitrário ao lay-off (Mey Têxtil, em Celourico da Beira), para a tentativa de imposição de férias (ARA, em Seia), e «solidariza-se com os trabalhadores que lutam pela salvaguarda das suas condições de trabalho, como no Contact Center da EDP, onde se reclama equipamentos de protecção».
No distrito de Setúbal, a Organização Regional do PCP repudia a suspensão de contratos de trabalho na Delphi, que implica uma inaceitável perda de rendimento por parte dos trabalhadores, e denuncia «insuficiências na actuação, no âmbito da prevenção e contenção do COVID-19 pela Administração da SN Seixal – Siderurgia Nacional».
Na Continental Teves, os quase 400 trabalhadores tiveram conhecimento através da comunicação social da intenção de encerramento da empresa, e na Simoldes-Plásticos, igualmente em Palmela, «a propósito do surto do COVID-19 os cerca de 100 trabalhadores da “Kelly Services”, empresa de trabalho temporário, estão a ser colocados de férias».
«Os 20 trabalhadores com vínculo directo a esta empresa ficam em casa ao abrigo do banco de horas», denuncia, por seu lado a Comissão Concelhia de Palmela do PCP, para quem «não podem ser os trabalhadores a pagar a factura da pandemia».