MEO Traquing

Manuel Gouveia

A Altice, dona da PT/MEO, acha que além de vender serviços de telecomunicações também pode vender a localização de quem para ela trabalha. E como começa a ser apanágio deste Portugal de Novembro, se o patrão quer o patrão faz, que para algo é patrão, e para algo a malta é colaborador, é para colaborar e estar calado.

E não apenas começa a vender a localização dos seus trabalhadores através do MEO Tracking como torna impossível trabalhar para a MEO sem ter a geolocalização do telemóvel ligada, alterando o software da empresa. Sim, porque em tempos de uberização das relações laborais, o patronato acha que não é preciso contratos, regulamentos ou auscultações para alterar as regras de trabalho. Basta alterar o software, e quem não gosta que não colabore.

E tudo isto para quê? Para que os clientes possam saber onde está o malandro do técnico que lhe vai fazer a reparação. Reparem, não é saber quantos minutos falta para o técnico chegar, é onde ele está a cada momento. Esta é uma informação que não faz falta ao cliente, a não ser como método de desviar a insatisfação para o técnico (que muitas vezes nem é trabalhador da Altice, mas uma vítima dessa forma de sobre-exploração que é a subcontratação). Mas introduz um conjunto de novos perigos que os trabalhadores rejeitam: desde as questões de segurança face à realidade de transportarem equipamento no valor de milhares de euros (que, no caso dos subcontratados, é comprado por eles próprios) até à facilidade com que o patrão pode ficar a saber do que não tem que saber.

Perante a natural rejeição pelos trabalhadores desta situação, a Altice reage à patrão: chantagens, ameaças aos trabalhadores e aos sindicatos, anúncios de blacklists de colaboradores que ficam proibidos de trabalhar na Altice, ameaças de multas, etc.

Como se fosse possível intimidar o tanto de Abril que ainda resiste a este Novembro.




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