Protestos por mais e melhores transportes públicos
MOBILIZAÇÃO No dia 5 de Fevereiro, frente a Assembleia da República, dirigentes sindicais, membros de comissões de trabalhadores e utentes exigiram do Governo respostas para os graves problemas no sector dos transportes.
«Basta de viajar como sardinhas em lata»
Investimento no sector e admissão dos trabalhadores em falta foram as principais reivindicações, a par da melhoria das condições de trabalho, com a valorização dos salários e das carreiras profissionais, redução do horário de trabalho e da idade da reforma, passagem a efectivos de todos os trabalhadores com vínculos precários. «Melhores infra-estruturas e transportes públicos só com trabalhadores», lia-se numa faixa.
Linha de Sintra
No dia anterior, 4, foi a vez de os utentes da Linha de Sintra protestarem contra a supressão e atrasos de comboios, que causam transtornos diários aos utentes. «Basta de viajar como sardinhas em lata», «Mais investimento» ou «Chega de atrasos», eram as mensagens inscritas nos cartazes empunhados pelos utentes na estação da Amadora.
Citado pela Lusa, Vasco Ramos, da Comissão de Utentes da Linha de Sintra, explicou que nos últimos anos o serviço ferroviário se degradou «de forma significativa». «Há comboios suprimidos, atrasos diários, falta de higiene, desconforto e, nos últimos meses, a situação agravou-se com a chegada do passe Navegante, que veio trazer mais utentes para a linha, mas os comboios são os mesmos», afirmou, frisando que os problemas da CP – Comboios de Portugal, da Refer – Rede Ferroviária Nacional e da Linha de Sintra são o resultado de duas décadas de falta de investimento em comboios e na infra-estrutura, por parte dos sucessivos governos.
Entre as principais reivindicações está, por isso, o aumento de comboios, sobretudo durante as horas de ponta. «Precisamos de investimentos em novos comboios, de renovar estações e apostar num maior conforto e higiene. Esta estação (da Amadora) nem é das piores, mas temos algumas em que chove lá dentro, outras estão muito degradadas e não estão aptas a servir as pessoas, como a de Algueirão-Mem Martins, e outras são verdadeiras relíquias», contou Vasco Ramos.
Transportes de Lisboa
No mesmo dia, 4 de Fevereiro, a Comissão de Utentes dos Transportes de Lisboa considerou que as propostas apresentadas pelo Governo na proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2020 são «insuficientes, tendo em conta os anos de desorçamentação e subfinanciamento crónico e de cortes nos serviços públicos», como a rede de transportes públicos da cidade de Lisboa.
«Continuamos a assistir diariamente à supressão de autocarros e à diminuição de carruagens; a tempos de espera exagerados; às constantes “perturbações na linha”; a obras que nunca mais estão concluídas», alerta a Comissão, em nota de imprensa, destacando, por outro lado, que o OE não apresenta «medidas significativas para alargar a oferta», situação mais sentida pelos utentes desde a redução tarifária aplicada em Abril de 2019, uma medida «muito positiva na redução dos custos do Passe Social Intermodal, mas que não foi acompanhada com o aumento da oferta e com a necessária articulação com os vários operadores envolvidos».
Para os utentes de Lisboa «torna-se ainda necessário e urgente o investimento na expansão da rede do Metropolitano até Alcântara (zona Ocidental) e a Loures», em alternativa ao projecto da Linha Circular.