«Evolução na continuidade»
Este sound bite de Marcelo Caetano sintetizava, em 1968, o que era para fazer constar como «nova fase» do fascismo pós-Salazar. Mas tratou-se apenas de mudar alguma coisa, na nomenclatura e pouco mais, para que tudo ficasse na mesma, até 25 de Abril de 1974.
Hoje, em Portugal, as forças políticas mais à direita estão num período dito de «evolução», a que alguns comentadores «simpáticos» (para eles) chamam «reconfiguração». Na realidade, do que se trata é de «novas» siglas e ferramentas de comunicação e nomes novos ou recuperados do baú dos grandes interesses, e que são de facto «mais do mesmo».
Em 46 anos, foi agora o 28.º(!) Congresso do CDS: trata-se de um record mundial, ou quase, de mistificações e facadas nas costas. De lá saiu um novo «chefe», Chicão Rodrigues dos Santos, cuja maior «qualidade» é ter sido nomeado pela Forbes em 2018 como «um dos jovens mais brilhantes, inovadores e influentes da Europa». Daí, certamente por acaso, surge o «novo» programa sobre «defesa da família, segurança, alteração do sistema fiscal, revisão da CRP, novo sistema político e eleitoral», mais um «rebranding da imagem, linguagem cromática e marketing arrojado», e entre outros, um «vice», Abel Matos Santos, defensor da PIDE e de Salazar. Eis a «nova geração» e a «nova direita».
Como se vê, o capital monopolista usa as forças ao seu dispor como lhe convém e, em dificuldades, ameaça com o proto-fascismo, já foi assim e até já foi pior, em democracia. E o que importa é dar-lhe combate, na proposta e no esclarecimento, e não lhe fazer o jeito do empolamento, como outros fazem.
Aqui e agora, é claro que a luta é para consolidar o que se conseguiu, avançar em novos direitos, romper com a política de direita, do CDS, PSD e PS, e construir uma alternativa patriótica e de esquerda.