O que fica por dizer e que é importante
A cobertura pela comunicação social da apreciação na especialidade do Orçamento do Estado para 2020 (OE2020) tem sido marcada pelos anúncios desta ou daquela medida pelo Governo ou por questões tornadas mediáticas nesta ou naquela área específica.
Mas, feitas as contas, o peso desta discussão, que tudo tem a ver com os problemas que o povo e o País enfrentam, fica para segundo ou terceiro plano no alinhamento noticioso do dia-a-dia. Tudo é mais importante, como os arrufos de comadres, as disputas internas ou as berrarias noutros partidos. A isto se vão somando as mensagens subliminares das «coligações negativas» sobre medidas que serão positivas para os trabalhadores e o povo e negativas para o capital, ou as tradicionais ameaças da União Europeia (UE), tudo para que a um Orçamento limitado e insuficiente não se somem avanços, a bem das «contas certas».
O PCP tem pautado a sua intervenção, fora e dentro da Assembleia da República, pela apresentação de propostas alternativas nas mais variadas áreas que consubstanciem avanços e que respondam a problemas, e pela denúncia das limitações, insuficiências e constrangimentos da proposta de OE apresentada.
Pois sobre isto, duas notas.
A primeira, a propósito das limitações e constrangimentos, que estão intimamente ligados com as imposições externas da UE. Teve o PCP no Parlamento Europeu (PE) uma intervenção de denúncia e firme afirmação da defesa da soberania nacional em relação à política orçamental. A UE teria na mesma semana, através da Comissão Europeia, uma comunicação com as já habituais pressões em relação ao Orçamento português. Foram os órgãos de comunicação social buscar a única intervenção de um deputado português eleito no PE que contrariava esta mensagem e que defendia o interesse nacional? A resposta é não. Mas, a pressão ficou.
A segunda nota a propósito das propostas e da intervenção distintiva do PCP.
O PCP lançou uma acção geral de contacto junto dos trabalhadores sob o lema Valorizar o Trabalho e os Trabalhadores. Não à exploração!. O Secretário- geral (SG) esteve presente numa dessas acções de contacto na Autoeuropa. Estamos bem recordados de como foram apresentadas as idas à Autoeuropa pela CDU, principalmente aquando da campanha eleitoral para o PE. Da «frieza» ao «não aparecem quando a malta está aflita», tudo valeu para deitar abaixo essa acção de contacto. Pois, agora, passadas as campanhas eleitorais, lá estava o PCP de novo à porta da empresa a contactar com os trabalhadores, a apresentar-lhes propostas e soluções. Lá estava o PCP de novo a demonstrar na prática, com o seu SG, que a presença nas portas das empresas e locais de trabalho é uma prática diária e constante. Apresentaram os órgãos de comunicação social uma peça com esse carácter distintivo da intervenção do PCP nas suas notícias? Ou preferiram falar da questão mediática da semana? Alguém percebeu onde é que estava e o que é que o SG do PCP estava a fazer quando prestou declarações sobre a questão mediática da semana? Não! O que passou, então, da acção do PCP? A habitual espuma dos dias.