Jantar-comício com Jerónimo de Sousa no Algarve «a olhar para a frente»
CONFIANÇA Na primeira grande iniciativa do PCP na região, após as eleições legislativas, foi bem evidente a energia e a determinação com que os comunistas encaram as tarefas e batalhas do novo ano.
«Não são derrotas circunstanciais que nos vencem»
O jantar-comício de sábado, dia 25, em Olhão, foi destacado nas intervenções como primeira grande iniciativa do Partido na região, após as eleições legislativas. No pavilhão da Escola Básica 2,3 «João da Rosa» reuniram-se quase 400 pessoas, vindas dos diversos concelhos algarvios.
No menu, o distintivo geográfico foi feito com feijoada de atum e tangerinas. Nos efusivos cumprimentos e nas conversas animadas, sobressaíam sorrisos e abraços de camaradas e amigos. A alegria soltou-se em palmas ritmadas e vozes afinadas, quando no palco se apresentaram os acordeonistas Francisco Serrano e Paulo Domingues, e o músico Domingos Caetano (fundador do grupo Íris e animador cultural), com dois amigos.
Prossegue a luta
Valorizando o esforço e empenho de candidatos, militantes e activistas na batalha eleitoral de Outubro, Ricardo Martins, da Direcção da Organização Regional do Algarve e da Comissão Concelhia de Olhão do PCP, lembrou que, devido a esse trabalho do colectivo da CDU, «ficámos a escassas cinco centenas de votos da eleição do deputado».
O primeiro orador do comício assinalou que «perdemos o deputado, mas não perdemos a esperança nem a determinação de seguir a luta por uma vida melhor». Referiu, entre outras iniciativas realizadas nestes meses, uma acção de contacto que permitiu confirmar, nos centros de Emprego, que quase 30 mil trabalhadores foram atirados para o desemprego depois do Verão.
Ricardo Martins reafirmou o apoio activo do PCP à «luta em defesa da Ria Formosa e do direito a viver e a produzir neste território», contra a «tentativa de ir afastando as populações da Ria, para abrir caminho aos grandes interesses e aos grandes negócios».
Neste início do ano, «a olhar para a frente» e dando prioridade ao reforço do Partido, informou que a acção de âmbito nacional traduziu-se no Algarve em contactos com 200 trabalhadores, daí resultando 35 recrutamentos.
«Assim se vê a força do PC», responderam centena de vozes, quando o Secretário-geral do PCP, logo no início da sua intervenção, perguntou «Que partido faria uma iniciativa desta dimensão e natureza, a não ser o PCP». Jerónimo de Sousa salientou que, «com um resultado eleitoral que ficou aquém dos nossos objectivos, aqui está um exemplo de que não são derrotas circunstanciais que nos vencem».
Durante cerca de 30 minutos, o Secretário-geral falou sobre a situação política nacional e a intervenção do Partido, ligando por diversas vezes a análise e as propostas para o País aos problemas e soluções que têm a ver com o desenvolvimento e a vida no distrito de Faro.
A propósito da modificação decorrente das eleições, Jerónimo de Sousa afirmou que «não se pode alimentar, nem deixar semear ilusões acerca da capacidade desta política e do Governo que a concretiza para assegurar a solução dos problemas de fundo do País», o qual «precisa, de facto, de um outro rumo, em ruptura com os elementos nucleares da política de direita que governos de PS, PSD e CDS prosseguiram anos a fio».
Se «esta continua a ser a questão central», «isso não reduz em nada a determinação do PCP de, pela sua iniciativa, não perder nenhuma oportunidade de propor e inscrever nos diversos níveis da sua intervenção o que é positivo e necessário para dar aos problemas respostas que correspondam aos interesses dos trabalhadores e do povo».
As cerca de 70 iniciativas legislativas que o PCP apresentou na AR «vão ao encontro de sentidas aspirações de milhares de trabalhadores» e, com a Acção Nacional «Valorizar o trabalho e os trabalhadores. Não à exploração», estimulam «um amplo movimento de denúncia do quadro de exploração do trabalho, que está na base do funcionamento do capitalismo, e de mobilização para a acção e para a luta pela concretização das justas aspirações dos trabalhadores».
O PCP, «a quem os momentos bons não descansam e os momentos maus não fazem desanimar», «vai estar na linha da frente do combate por novos avanços», reafirmou Jerónimo de Sousa.
Regionalização para concretizar
«Não há nenhum processo de descentralização, que se queira apresentar como sério, que não passe, desde logo, pela regionalização», realçou Jerónimo de Sousa.
Recordando que «o PCP apresentou há poucas semanas um projecto na Assembleia da República com vista à criação das regiões administrativas, definindo método e calendário para que, de acordo com os termos constitucionais, seja possível a sua concretização até às eleições para as autarquias em 2021», o Secretário-geral do Partido afirmou que esta iniciativa «é em si mesma uma resposta aos que, em nome de falsos objectivos descentralizadores, procuram empurrar encargos para as autarquias e desresponsabilizar o Estado, num processo que agravará desigualdades e prejudicará a população, e para os que se refugiam em fantasiosas democratizações das estruturas desconcentradas da Administração Central para iludir a sua real oposição à regionalização».
Ora, «pela parte do PCP, continuaremos a intervir para dignificar as autarquias, preservar a sua autonomia, dotá-las dos meios financeiros para que possam exercer as muitas e importantes competências que já hoje dispõem», e «continuaremos a denunciar essa falsa descentralização, que tem como objectivo eximir o Governo das suas responsabilidades e atirar para as costas das autarquias as legítimas insatisfações que decorrem da falta de investimento na Administração Central».