Ano fechou em greve na Inatel e no SUCH

LUTA Por aumentos salariais e melhores condições de trabalho, os trabalhadores da Fundação Inatel e do SUCH fizeram greve a 31 de Dezembro, mostrando-se determinados a prosseguir o combate no novo ano.

Com duras condições laborais, mais se justifica aumentar salários

No próprio dia da greve nacional de 24 horas no Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH, estatutariamente uma associação privada sem fins lucrativos), o Sindicato da Hotelaria do Centro revelou que iria marcar outra luta para 16 e 17 de Janeiro, nos serviços de alimentação dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), onde «as condições de trabalho são péssimas» e há «um nível de quase ruptura», como disse um dirigente sindical, assinalando mesmo «uma dificuldade muito grande no recrutamento, devido aos baixos salários».

António Baião, citado pela agência Lusa, informou que a greve de 31 de Dezembro teve especial impacto no funcionamento da lavandaria dos HUC, a principal unidade do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Neste serviço e na alimentação, os níveis de participação na greve rondaram os 60 por cento, superando os 50 por cento no Hospital dos Covões.

Admitindo que os níveis poderiam ter sido superiores, não fora o efeito da tolerância de ponto concedida pela empresa, considerou que houve «uma boa adesão» na região Centro, incluindo no Hospital de São Teotónio, em Viseu.

No Hospital de Faro, a greve teve uma adesão de cerca de 50 por cento e provocou o encerramento dos bares e perturbações no refeitório e na distribuição nos pisos, informou o Sindicato da Hotelaria do Algarve. O piquete de greve instalou-se na rua, com uma faixa alusiva aos motivos da luta.

A comprovar a «grande adesão» dos trabalhadores do SUCH à greve nacional, o Sindicato da Hotelaria do Norte destacou as cantinas dos hospitais São João (assegurados apenas os serviços mínimos) e Pedro Hispano, e as lavandarias do Hospital Magalhães Lemos, no Porto, e do Hospital de Vila Real.

A Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo (Fesaht/CGTP-IN), que convocou a greve, acusou a administração do SUCH de pretender «empurrar as negociações para meados do ano», de modo a que os aumentos salariais possam não ter efeitos a 1 de Janeiro. Mas a federação vai insistir em iniciar a negociação da revisão do Acordo de Empresa, exigindo mais 90 euros nos salários de todos os trabalhadores desde 1 de Janeiro, entre outras reivindicações.

Na Fundação Inatel o motivo da greve também foi a recusa de negociação de aumentos salariais, recordando a Fesaht que em 2018, quando ficaram fechadas as negociações do primeiro Acordo de Empresa, ficou acertada a negociação de aumentos salariais para o ano de 2019.

O compromisso da Inatel foi reiterado em Outubro, numa reunião onde o presidente da fundação até prometeu apresentar uma proposta antes de 14 de Novembro.

Para além de não respeitar esses compromissos, a fundação também não iniciou a discussão sobre carreiras profissionais e escalões remuneratórios. A Fesaht acusa ainda a Inatel de não estar a cumprir direitos consignados no AE, como o pagamento do trabalho nocturno e por turnos.

São exigidos aumentos salariais de 40 euros, relativos a 2019, e de 90 euros, para 2020.

A informação sindical sobre o andamento da greve foi focada em Albufeira, onde aderiram à luta mais de metade dos trabalhadores. O Sindicato da Hotelaria do Algarve, que manteve um piquete no exterior do complexo hoteleiro da Inatel, acusou a administração de ter recorrido a «mais de 30 trabalhadores», contratados através da Manpower, enquanto «muitos trabalhadores que estavam de folga foram convocados pela fundação e vieram trabalhar por receio de represálias». Mesmo assim, a sala dos pequenos-almoços e o bar não funcionaram, afirmou o sindicato, esclarecendo que a limpeza dos quartos foi feita precisamente pelo pessoal colocado através da empresa de trabalho temporário.

 



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