Prosseguem na Colômbia protestos anti-governamentais
Marchas, concentrações e panelaços repetiram-se na terça-feira, 26, na Colômbia, pelo sexto dia consecutivo de protestos contra o governo, rejeitando a violência e defendendo a vida. Em cidades como Barranquilla, Medellín, Cali e Bogotá, a capital, os manifestantes exigiram políticas efectivas em áreas como a educação, a saúde e o meio ambiente. Tudo isso como parte das acções de protesto que foram desencadeadas depois da paralisação massiva nacional do dia 21.
Se bem que na sua maioria os protestos tenham decorrido de forma pacífica, alguns ficaram marcados pela repressão do Esquadrão Móvel Anti-distúrbios (Esmad) da polícia, que tem sido denunciado pelo uso excessivo da força. As marchas de terça-feira tiveram um denominador comum, já que as pessoas se manifestaram também para homenagear a memória de Dilan Cruz, um jovem de 18 anos que morreu na véspera, depois de ter sido ferido com gravidade no fim-de-semana por um elemento da Esmad, durante um protesto pacífico na capital.
O Comité Nacional de Greve colombiano decidiu, entretanto, reforçar os protestos no país e convocou para ontem, quarta-feira, uma nova jornada nacional de luta, contra o pacote de medidas anti-populares aprovadas pelo presidente Iván Duque e como homenagem a Dilan Cruz. As novas acções de protesto exigem a dissolução do esquadrão policial envolvido na repressão contra o povo e a rejeição da reforma fiscal impulsionada pelo governo de direita, que atenta contra os interesses dos colombianos.
Foi também decidido pelo Comité Nacional de Greve manter e intensificar a mobilização popular e apoiar as acções de protesto de maneira pacífica, realizando assembleias sindicais, comunais, populares e por bairro em todo o país, de forma a coordenar a mobilização social.
Petições populares apresentadas ao presidente e governo reivindicam que sejam travados os planos de privatização das empresas e bens do Estado. Incluem também a exigência de que seja abordado com o movimento cidadão Defendamos a Paz o processo de cumprimento e implementação do acordo de paz assinado em 2016 entre o Estado e a antiga guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo, entretanto transformadas em partido político.
Estes temas, exige-se, devem ser abordados pelo governo e pelo Comité Nacional de Greve exclusivamente através dos mecanismos que sejam acordados entre os mesmos, independentemente dos estabelecidos pelo executivo para aquilo que denominou «grande diálogo nacional».
Esta exigência refere-se claramente ao que o presidente Iván Duque apelidou de «conversa nacional», processo que começou no dia 24 de Novembro com autarcas e governadores e que se estenderá até 15 de Março de 2019.