A emergência da Paz!

Pedro Guerreiro

A guerra representa uma brutal agressão aos direitos

Hoje, dia 26 de Setembro, assinala-se o Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares, estabelecido pela Assembleia-geral das Nações Unidas.

A guerra nuclear constitui a mais destruidora ameaça que a Humanidade enfrenta. Apenas um por cento do total das armas nucleares, que estão presentemente preparadas para ser usadas no mundo, corresponde a vários milhares de vezes o potencial destruidor da bomba atómica lançada pelos EUA sobre Hiroxima, em 1945.

A guerra nuclear significaria o aniquilamento massivo de seres humanos e dos seres vivos em geral, assim como a destruição de estruturas essenciais para a resposta às necessidades mais básicas das populações. Pela conjugação de vários efeitos, imediatos e não imediatos, a utilização da arma nuclear, mesmo que de forma 'limitada', teria consequências devastadoras e duradouras sobre o meio ambiente, originando drásticas alterações climáticas, que perdurariam por vários anos, com catastróficas consequências para a Humanidade e a vida no planeta.

Pelos intentos belicistas que evidencia e os reais perigos que acarreta, a decisão dos EUA de criarem mais sofisticado armamento com fins nucleares e de rasgarem importantes acordos e tratados internacionais com vista à limitação do desenvolvimento deste tipo de armamento, representa uma acrescida e séria ameaça à segurança internacional e torna ainda mais premente a exigência do fim da espiral armamentista e da abolição das armas nucleares e de todas as armas de destruição massiva.

Uma exigência que tem hoje no Tratado de Proibição de Armas Nucleares um significativo instrumento para a sua concretização – contra a subscrição do qual os EUA e a NATO se mobilizam activamente. Recorde-se que PS, PSD e CDS votaram contra a adesão de Portugal a este Tratado, adesão que constituiria um importante contributo a favor da paz e do desarmamento.

A guerra representa uma brutal agressão aos direitos. Nas múltiplas formas que esta pode adoptar – desde o bloqueio económico, comercial e financeiro, à intervenção militar, passando pelas mais variadas operações de desestabilização e agressão – a guerra representa morte, sofrimento e destruição, incluindo do meio ambiente, como as criminosas agressões do imperialismo à Síria ou ao Iémen aí estão brutalmente a testemunhar.

Nestes dias, quando a propósito de questões ambientais se proclama que «enfrentamos o desastre do sofrimento silenciado de um enorme número de pessoas», que se «rouba o sonho e a infância», que se «nega e viola os direitos», que «não há tempo para continuar este caminho de loucura», seria incompreensível a indiferença face à cruel e inaceitável realidade da guerra, que rouba o sonho e a infância, nega e viola os direitos de milhões de crianças e jovens, assim como de milhões de mulheres e homens.

A Paz exige uma «acção de emergência». Exige o envolvimento de todos e de cada um. Exige o desenvolvimento de um amplo movimento em defesa da paz e pelo desarmamento, contra a ingerência, a agressão e a guerra. Exige a defesa da soberania e dos direitos dos povos, da solução pacífica e negociada dos conflitos e do não recurso à força ou à ameaça do recurso à força nas relações internacionais – de modo a prevenir a catástrofe para onde o capitalismo empurra a Humanidade e salvaguardar o futuro e o bem-estar dos povos e a vida no Planeta.




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